Monday, December 20, 2010

A JUSTIÇA ENCURRALADA

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/10/22/sou-ari-pargendler-presidente-do-stj-voce-esta-demitido-334576.asp


Você sabe com quem está falando?  Poderia ter perguntado o maior representante da justiça brasileira, o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, ao estagiário a quem ele demitiu por estar às suas costas aguardando para usar o caixa eletrônico. O presidente, por algum motivo, não queria que ele o usasse, o caixa eletrônico, claro. 

A única resposta possível seria: com a autoridade irracional brasileira, com o exemplo maior do autoritarismo,  com a tradição colonial e imperial do Brasil, com a justiça ridícula de um país que não é sério.

Vá se queixar ao Bispo! É assim que se constrói esta nação! 

Sinto vergonha de ser brasileiro! Infelizmente não posso me despir do nojo que estas autoridades tupiniquins me causam. Em um país sério, uma pessoa como esta seria levada pela justiça a pedir desculpas públicas ao ofendido (me lembro do episódio do General Patton na segunda guerra)...

Mas, aqui, ele é a justiça, ele é a Suprema Justiça!

Por outro lado, ele não é nada...ele é a vergonha, mais ainda, ele é a falta de vergonha dos brasileiros. A imprensa - apesar de todos as suas faltas - ainda é a única defesa do cidadão comum, o blog do Noblat, citado acima (leiam) merece aplausos. É preciso que a irracionalidade brasileira se torne pública.

Infelizmente eu não posso e, sinceramente, acredito que não devo, dizer tudo o que sinto sobre este fato, a vergonha, o nojo, o desprezo, a indignação, o asco, a falta de respeito, o ódio mesmo! Infelizmente o jovem ofendido não terá justiça neste país, terá que guardar a sua humilhação até a velhice, e não verá, neste país, a redenção a qual tem direito.

Este juiz deu uma bofetada no Brasil. Mas nós nos acostumamos a receber bofetadas e acreditar que isto é poder. O Brasil é esbofeteado todos os dias, há séculos, pelos que se supõem autoridades em si, pelos que se supõem "ser". "Eu sou"! Não, essas pessoas não são nada, não são sequer o escárnio da humanidade. 

A escravidão, com os submissos e os autoritários, marcou este país para sempre. Esta "coisa" é também a relação que o país tem com o autoritarismo. De como, brincando, nos tornamos eternamente crianças diante de pais-autoridades irracionais. Afinal, de que será que tem medo o juíz? Porque será que ter alguém as suas costas lhe ameaça tanto? Porque se sentiu encurralado a tal ponto a rosnar como um cão danado?

Thursday, November 25, 2010

A LIBERDADE NA ILHA DA FANTASIA


"É certo que o conteúdo do livro entitulado "Cuba Libre" atenta contra os interesses gerais da nação, toda vez que defende que em Cuba são necessárias certas mudanças políticas e econômicas para que seus cidadãos possam dispor de maior bem estar material e alcançar a realização pessoal, extremos totalmente contrários aos princípios de nossa sociedade"
Transcrição do texto policial cubano que confiscou os livros de Yaoni Sanchez.


 Yoani Sánchez 

 Lean los motivos que me han dado para la confiscacion de 10 ejemplares de mi libro Cuba Libre 

Sunday, November 7, 2010

AS COSTELETAS DO PSICANALISTA

Queria escrever um post (não é conto, não é crônica, não é prosa, não é poema) sobre "As costeletas búlgaras" mas estou cansado. A idéia é explicar que não sou eu o Peter Pan, embora o meu psicanalista insista com esta idéia. Às vezes tenho a impressão de que ele é o Escaravelho Vermelho, mas por respeito profissional nunca lhe disse isto. Mas ele me ofende quando diz que sou eu o Peter Pan de Garanhus.
Os psicanalistas têm dessas coisas, se assemelham muito com o burguês gentilhome que ficava tentando entender a diferença entre a prosa e a poesia. Isto não é prosa nem poesia, é um post, que alguns do mundo de Peter Pan insistem em chamar de postagem, um post bobagem. Mas não, é um post somente, entendem, um post.
A idéia é escrever sobre as costeletas búlgaras, esta coisa quase indecifrável já que búlgaro e costeletas, em uma mesma frase, não combinam, como dizia a Letícia sobre Veneza e pobreza. Quando eu era pobre, morava na Locanda Caretoni, alí em Veneza, perto da estação. Mas a Letícia nunca conseguiu aceitar isto, para ela pobres moravam no Brasil e não em Veneza. Hoje espero que ela já tenha compreendido que há pobres também na Bulgária.
Os pobres não fugiram do comunismo da Bulgária, só os ricos. 
Os ricos deixaram para trás os ciganos que, junto com os búlgaros e os tártaros, em proporções diferentes é claro, compõe a população da Bulgária. Queria que o meu psicanalista compreendesse isto, mas ele não entende. É como a Letícia, acha que pobres e Veneza não combinam na mesma frase. E pobres e búlgaros, combinam?
Os ciganos, no meu entender, são búlgaros. Na verdade, eu nunca entendi de onde são os ciganos, eles são alguma coisa assim como os piratas do navio do Capitão Gancho, É por isso que os ciganos se vestem como os piratas, usam brincos, lenços na cabeça, e são maus. Sempre me disseram isto, que os ciganos são maus, mas os comunistas não aceitam isto, para os comunistas todos os homens são bons, exceto, claro, os burgueses, sejam eles ciganos ou não.
Há muitos ciganos na Espanha, também não me perguntem porque, porque eu não sei. Mas os ciganos são iguais em todos os lugares, na Espanha, na Hungria, na Bulgária, no Brasil, em todos os lugares onde há ciganos. Os espanhóis, por sua vez, eram conhecidos pelas touradas e pelas costeletas, não as de porquinho, como aquelas que eu como na Roberta Sudbrack, não, mas as costeletas que estão sempre adiante das orelhas. 
Talvez isto tenha alguma relação com côte, Côte D´Azur, por exemplo. Costas, embora seja muito raro que as pessoas, sejam elas espanholas ou ciganas, tenham cabelo nas costas. Os búlgaros, por exemplo, pelo o que eu sei, eles não têm cabelos nas costas como os bárbaros, por exemplo, os bárbaros eram peludos, diferente dos romanos e bizantinos que eram civilizados. Civilizados, cristãos, tornaram-se depois, é certo, mas não eram bárbaros, eram civilizados e cristãos, e não tinham cabelo nas costas, não tinham costeletas.
Os búlgaros, então, são como os brasileiros, ainda que catapultados, de uma certa forma. Só os ricos, os pobres, não, porque pobre e Brasil não combinam numa mesma frase.
Resumindo, o meu psicanalista é búlgaro.

A MODA NA BULGÁRIA E O SIGNIFICADO DO SILÊNCIO.

Prezado Manuel,
Infelizmente não entendi nada desses seus dois últimos posts. Afinal o que tem a ver a moda na Bulgária, o significado do silêncio e a catapulta que pariu. Aliás achei um pouco chulo esta coisa da catapulta, não vou repetir.
Carissimo leitor,
Eu não posto posts para serem entendidos, mas para serem lidos. Se você os leu eu já me dou por satisfeito.
- Está bem, vou tirar o Prezado Manuel para não ficar interrompendo a nossa comunicação e vou usar hífens. Se você fizer o mesmo acho que tudo vai ficar melhor.
Caríssimo Leitor,
Eu prefiro não tirar o hífen, acho que isto torna mais clara a leitura, embora não modifique em nada a substância desta leitura.
- Como é isso, não modifica em nada, então qual é a função do hífen?
Caríssimo Leitor,
Poderíamos ficar nesta conversa durante horas, ou páginas se quiser, mas não entendo que o objetivo desta conversa seja ficarmos horas conversando, não é mesmo?
- Ah, bom, quer dizer que os posts são para serem lidos, mas as conversas não são para serem conversadas.
Caríssimo Leitor.
(Silêncio)
-Ah, viu para que serve o hífen? Com ele você não precisaria escrever caríssimo leitor, o que já significa o rompimento do silêncio.
Caríssimo Leitor,
Você já viu peças de teatro alguma vez na sua vida, já leu alguma peça de teatro?
- Já, lá ninguém diz "Caríssimo Leitor" e muito menos "(Silêncio)"
Caríssimo Leitor,
É claro, os autores das peças de teatro escrevem "(Silêncio)" justamente para que o diretor da peça saiba que alí, naquele momento haverá silêncio, e para que a platéia perceba não apenas o silêncio, mas o significado que o silêncio possa ter.
-É, mas eles não escrevem "Caríssimo Leitor".
Caríssimo Leitor,
(Silêncio)
- Bom, agora é você que não tem  argumentos ou que está puto com os meus argumentos e prefere ficar em silêncio para não perder o leitor.
Caríssimo Leitor,
Parece que agora você conseguiu entender o significado do silêncio e a relação com a catapulta que pariu. Está bem, retire o "que pariu", embora, afinal, isto não seja ofensa nenhuma. Refere-se à maternidade que, como sabemos, não pode ser ofensiva.
- É, mas o catapulta tem duplo significado!
Caríssimo Leitor,
Agora é você que me quer confundir. A sua questão inicial dizia respeito à relação entre os significados das expressões,ou melhor, de cada título,  e não ao significado das expressões. Eu estou falando das relações, quero dizer, eu estou falando que os títulos estão relacionados.
- Então porque você disse que eu entendi o significado do silêncio?
Caríssimo Leitor,
Porque você entendeu este significado, pronto. Mas o meu interesse, e a sua questão inicial, era sobre a relação entre o significado do silêncio, a moda na Bulgária e a catapulta que pariu (desculpe-me de novo, embora eu mantenha a minha opinião a respeito da maternidade).
- Agora quem não está entendendo mas nada sou eu. Será que isto tem a ver com a moda na Bulgária?
Caríssimo Leitor,
Agora que você já entendeu, na próxima postagem eu explico o significado de Batman e do Escaravelho Vermelho. É a isso que chamamos processo socrático.

O SIGNIFICADO DO SILÊNCIO

- Doutor, tenho um problema ininteligível, quero dizer, ininteligível para mim. Claro que para o senhor ele será inteligível.
- Eu suo intensamente sob a pálpebra, não dentro, mas embaixo da pálpebra, na parte externa, o senhor compreende, quando eu digo sob permanece a dúvida, e se eu disser sobre ficaria pior ainda.
            O doutor olhava silente, não que ele olhasse e estivesse sem falar, não, era o olhar dele que não falava, não tinha nenhuma expressão, nem pasmo nem curiosidade. É claro que, além disso, ele não falava, quero dizer, o doutor não falava, além dos olhos, claro. Era um doutor em silêncio com um olhar silente, é isso.
- Eu suo intensamente sob o saco conjuntival, ele, o outro que não o doutor, disse. Havia aprendido esta expressão, saco conjuntival, com um outro, um terceiro, também doutor, oculista, que lhe havia receitado uma pomada para colocar no saco conjuntival. Achou que assim ficaria melhor, ainda que para ele, o outro que não os doutores, ainda restasse uma dúvida. Será que ele entendeu que não é internamente, que é externamente, logo abaixo do saco conjuntival.
Eu acho que o doutor estava pasmo. Pasmo, mas também curioso. “Como é que podia chegar um cara aqui no consultório e me colocar este problema ininteligível, não sei sequer se é um problema, de que ele sua sob o saco conjuntival”. É como eu acho que o doutor estaria pensando. Eu acho, mas era impossível decifrá-lo, a ele, doutor.
“Suo também na nuca, mas só na base da nuca, alí onde começam os cabelos, indo desde o alto de uma das orelhas, baixando e elevando-se até o alto da outra orelha, mas só na linha de base, o senhor compreende? Do alto das orelhas para a frente até a base das costeletas, ali eu não suo”, ele disse, mas antes refletiu, por décimos de segundo porque seria que chamam a isso costeletas, já que costeletas têm a ver com costelas, pequenas costelas, melhor dizendo, assim como costeletas de porco, ou costeletas de cordeiro.
-Eu não suo das orelhas até a costeleta, repetiu.
            O doutor continuava olhando insignificantemente, no sentido de não significar, mirando mas não olhando, ou melhor, olhando mas não vendo, olhando indefinidamente embora não indefinitivamente, porque o infinito é muito longo. Eu, pessoalmente, acho que o doutor estava prestando atenção, ainda que pasmo, simplesmente porque, eu acho, estava curioso. Não há como deixar de estar curioso, mesmo eu, que não sou médico, como disse uma vez a uma amiga que insistia que eu era Ari e médico, mesmo eu estava curioso. Como é possível que uma pessoa sue das orelhas para trás e não sue das orelhas para frente, e sempre na base capitar (é assim que se diz?). Além do mais, suava também na base das pálpebras. Acho que assim ficou melhor, na base das pálpebras, acho que assim não dá para confundir. Portanto, havia três pequenos interregnos, dois entre o alto das orelhas e a base da pálpebra, um do lado direito e outro do lado esquerdo, e um terceiro interregno entre as bases das pálpebras e por sobre o nariz. Como era possível que não se suasse assim. Ou melhor, como era possível que se suasse assim, daquela outra forma.
O doutor não moveu uma pálpebra. Ficaram em silêncio por 15 segundos. É muito, é quase infinitamente longo.
Ele, o outro que não o doutor, levantou-se, sacou o revólver, deu três tiros no doutor. Não foi uma coisa rápida como se possa imaginar. Não, o revólver estava na cintura, atrás, e os gestos foram lentos, ainda que não infinitamente lentos. Ele levantou-se, levou a mão atrás da cintura, tirou o revólver do coldre e atirou. Depois, com o revolver ainda na mão, saiu da sala do médico e deparou-se com a atendente. Silente, quero dizer ela, a atendendente, mas não com o silêncio do pasmo ou da curiosidade, apenas silente com o silêncio do desespero já que ouvira os tiros e imagira o que acontecera ao vê-lo com o revólver fumegante.
Ele olhou para ela e pensou: poderia explicar tudo mas acho que ela não entenderia, ela continuaria silente. Mas, eu perdôo, pensou, e caminhou para a porta do consultório, abriu a porta e saiu para a liberdade.

NA MODA NA BULGÁRIA? A CATAPULTA EM QUE FOMOS METIDOS


A primeira vez que ouvi falar da Bulgária foi no meu exame de admissão ao ginásio. Naquela época, as crianças de 10 anos tinham a obrigação de saber as capitais de todos os países e deviam estar preparadas para estudar latim aos 11 anos e grego aos 16. A capital da Bulgária era Sófia, e continua sendo Sófia até hoje, embora nós a chamássemos de Sofia, assim como chamávamos, não sei porque, a macaca.
A impressão que eu tinha era a de que a Bulgária era bárbara. Para mim, búlgaros e tártaros eram primos. Eram também, desde o século VII,  cristãos, ortodoxos, mas cristãos. Mais tarde descobri que os tártaros ainda vivem por lá, mas são minoria.
Alguns dos búlgaros resistiram o quanto puderam às invasões dos mongóis e um dos seus líderes chegou a ser proclamado Patricius pelos Bizantinos, com os quais brigariam pelos séculos seguintes. Mais tarde eles foram massacrados pelos turcos. Outros búlgaros ocuparam a Bessarábia, que entra aqui só porque é um “pais” de contos de mil e uma noites, com sultões, haréns, et caterva, portanto muito adequado para um blog que trata de contos infantís e de terras do nunca. Quem quiser saber história de adultos procure o Google, que, mesmo não sendo acadêmico, é um lugar mais apropriado.
Mais tarde, quando eu já havia superado o latim do ginásio mas não o grego do colegial, que hoje não existem mais, nem o ensino das linguas nem a denominação dos gráus escolares, eu voltei a tomar conhecimento da Bulgária. Foi através do escritor Campos de Carvalho, hoje em dia na moda outra vez, e do seu livro “Púlcaro Búlgaro”. Alí, os búlgaros foram motivos apenas para os trocadilhos dos concretistas.
Hoje, em um “brunch” com amigos meus “de esquerda”, eu os tenho é verdade, ouvi falar pela terceira vez da Bulgária. “O Brasil está na moda na Bulgária”, sabiam, disse um deles, ao que eu respondi que ele tinha acabado de me dar um título para mais uma das minhas crônicas no “Peter Pan de Garanhuns”. Eles nem podem saber dessas minhas crônicas, senão eu, que hoje sou, segundo eles, “de direita”, serei classificado como de “extrema direita”. Aliás, descobri, além de redescobrir a Bulgária, que hoje já não há mais a direita no Brasil, restamos apenas 44 milhões de extrema direita.
Devo ressaltar que os quatro que estiveram à mesa comigo são meus amigos, muito amigos. Um pintor, uma jornalista e dois advogados. Todos eméritos em suas respectivas profissões e vivendo com rendimentos familiares, estimo, acima dos 20 salários mínimos. Eu, que costumava jantar somente uma vez por mês na Roberta Sudbrack, porque não tenho renda suficiente para fazê-lo todas as noites como eu gostaria, eu, era ali um legítimo representante da classe operária, um pobre entre ricos, se é para ficarmos nestas distinções maniqueístas a que fomos obrigados no Brasil desde o tempo da ditadura.
Além da Bulgária, descobri o quanto o Brasil está dividido entre a "esquerda" e a "extrema direita", palavra e expressão que não querem dizer absolutamente nada. Descobri que alguns personagens da vida brasileira, jornalistas, pintores, sociólogos, cientístas políticos, arquitetos, taxistas, porteiros, garçons, prostitutas, ou são de direita ou são de extrema esquerda. Eu, constrangido, porque todos sabiam que eu votara na “extrema direita” nas últimas eleições, reconheci humildemente a derrota na esperança de aplacar sanha primária que nos divide, a nós brasileiros. Mesmo o bom humor caracterísco destes meus amigos tornou-se um humor menor, como constatou um deles.
O humor sempre foi a minha esperança. Porque acredito que o humor é a mais acirrada das críticas, especialmente quando se volta contra nós mesmos. Uma crítica ácida, mas saudável, das nossas convicções maniqueístas. O humor nos impede de acreditarmos fanaticamente nas nossas crenças, porque toda a crença e todo o fanatismo é, em última e trágica instância, uma piada. Por isso, quando ouvi falar que o Brasil está na moda na Bulgária, ví nisto uma oportunidade para a ironia, porque isto só poderá ser mais risível quando estivermos na moda em Botswana. E me lembrei de Campos de Carvalho que, depois de seu angustiado púcaro búlgaro, voltou a ser lançado, desta vez como teatro, na mesma catapulta em que fomos metidos.

Saturday, November 6, 2010

O ESCARAVELHO VERMELHO

Li, no twitter na LitaRee_real, que o escaravelho "é 1 inseto q os egípcios cultuavam pq depois q morria a carcaça permanecia intacta" (sic). Depois, não resisti, e fui a Wikipidia, não porque eu seja completamente ignorante, sou quase, mas porque queria maiores informações, e lá estava: Escaravelhos (do latim vulgar scarafaius, variante de scarabaeus, pelo português antigo escaraveo) é a designação comum a insetos coleópteros e coprófagos (especialmente os que vivem de excrementos de mamíferos herbívoros).
É claro que a twiteira está certa e a Wikipedia, embora não seja uma fonte acadêmica, confirma isto: "nEgito Antigo, o escaravelhos eram seres sagrados, sendo usados como amuletos relacionados com a vida após a morte e a ressurreição. Eram muito usados nas mumificações para proteger o morto no caminho para o Além. 
Eu disse hoje a um amigo meu que tinha perdoado Lula e Dilma. A "gente perdoa mas não esquece", como diz um outro amigo, disquerda, quando se refere aos males da ditadura brasileira. Talvez por isso me lembrei de um dos disfarces que o Batman usava. Já que este blog trata de heróis infantís, devemos continuar com isso.
Batman, para se infiltrar no Sindicato da Injustiça de uma terra paralela, toma o lugar do Homem-Coruja, a quem ele havia derrotado e prendido na Batcaverna. Infiltrado como tal Batman ganha a aliança de versões heróicas dos próprios vilões que enfrentou, entre os quais o Escaravelho Vermelho. Ou seja, heróis e vilões são a mesma coisa, os os dois lados da mesma moeda.
Ora, como os meus amigos comunistas já me haviam advertido na juventude, Batman é uma das respresentações do imperialismo ianque, assim como Capitão América (muito óbvio), Superman, Shazan e todos os outros. Os soviéticos, naquela época, não produziam "comics". Portanto, o Escaravelho Vermelho seria, como sói acontencer (gosto de usar esta expressão erudita só para sacanear os ignorantes), um vilão, representante dos comunistas soviéticos.
Os contos infantís, e neste caso os "comics", são mitos do mundo moderno. Imaginário das crianças e dos "homens incompletos", como é o caso de Peter Pan. Por tudo isto, foi para mim impossível resistir ao desejo de encontrar na política brasileira esta figura do Escaravelho Vermelho, o outro lado do herói, cropófago que se imagina eterno simplesmente porque se alimenta de suas próprias idéias.
O Escaravelho Vermelho imagina-se um faraó, da mesma forma que estes imaginavam-se aqueles. Supõe e supunham que, mumificados, estariam prontos para a ressureição. Os escravos do antigo egito aplaudiam estas mistificações tanto quanto, no Brasil de hoje, os que creem em histórias infantís, aplaudem  e esperam pela volta do Escaravelho Vermelho.

Wednesday, November 3, 2010

SININHO, PETER PAN, E A GUERRA DOS MUNDOS

Não é por nada não, mas vocês viram a entrevista de Sininho e Peter Pan sobre política nacional e economia internacional? Eu só vi agora na madrugada. Seriamente, estou preocupadíssimo. Não se brinca com coisas como estas. A situação é gravíssima e eu não poderia supor que já na primeira entrevista ouvisse tantas tautologias. Falar de "guerra mundial" e "guerra cambial" é muita guerra para o meu gosto.


Quem fixa o câmbio são governos soberanos, reclamar da China ou dos Estados Unidos é chover no molhado. O importante é o que fazer quando governos soberanos usam uma política cambial que não nos favorece. Se o Brasil supervaloriza a sua moeda com juros extratosféricos e por um tempo além do possível, isto é um problema monetário nosso. Isto atrai muito capital, mas acaba com nossas exportações, indústrias e empregos.


E a Sininho dando cola para Peter Pan? Parecia colégio primário. E Sininho explicando o que acontece. "O que acontece é o que aconteceu...a guerra mundial". Francamente! E o ato falho da Sininho trocando política por polícia? A situação pode ser tornar dramática. E "o salário mínimo que pode chegar a 700 reais...mas só se o PIB crescer". Claro, pode chegar a sete mil reais...é só o PIB crescer.

Tuesday, November 2, 2010

O VÍCIO DO ESCORPIÃO

Este é o ciclo vicioso: para mudar o neo-populismo é preciso mudar a educação e para mudar a educação é preciso mudar o neo-populismo. O mesmo se dá para a pobreza e para a bolsa-familia.
O populismo não é privilégio de Lula e do PT (o neo-populismo, sim). Todos os políticos populistas dizem que vão acabar com a pobreza, com o anafalbetismo, e a fome. De preferência em um mandato, na forma chinesa. A China continua pobre e analfabeta e nem o capitalismo a salvará. O populista é como o escorpião, ele pode ter boas intenções mas é de sua natureza se eleger pelos que dependem dele.
A China, como qualquer país, tinha duas maneiras de sair da pobreza: investir o excedente, quer dizer, deixar de consumir (ou de comer, no caso); ou importar capital, trabalho acumulado para usar aquela metodologia antiga de Marx e Lênin. Como deixar de comer era impossível, e porque a fome aumenta a população como dizia Jozué de Castro (é da natureza tentar preservar a espécie), a China "descobriu" o capitalismo.
Aliás, Lênin, com a NEP, já sabia que a melhor forma de poupar e investir ainda é o capitalismo. Cuba levou mais tempo, mas já descobriu, agora, que a miséria devasta o país (importam quase 85% do que comem). Os capitalistas vão para a China, produzem mais barato porque o salário é miserável e não se pode fazer greve, e exportam. Mas para manter a exportação é preciso que os salários continuem baixo...e o meio ambiente destruído.
No Brasil, o capital veio por causa da maior taxa de juros real do mundo (eles não são bonszinhos). Isto aqui virou uma festa, os banqueiros aumentaram o lucro, a classe média viajou para Miami e o governo, arrecadando e gastando, dá comida para os pobres. Nossos exportadores param de exportar, nossas indústrias são compradas, e a qualquer momento o capital internacional se manda e o país quebra (Mexico e Argentina conhecem este filme).
E o Mantega reclama da "guerra cambial" e do neo-liberalismo. O capitalismo é assim, meu nego (com perdão do impolitacamente correto). A Dilma acha que vai acabar com a pobreza. A euforia é engana. Na primeira fuga de capitais, parece que estou vendo, os “disquerda” vão dizer que a culpa é do imperialismo, que o mercado interno nos salvará, que a produção de alimentos virá da agricultura dos sem terra, e que é preciso criar a “política comunitária” para denunciar os traidores. Depois, quando passar a euforia, farão como Cuba e China, chamarão de volta o capital, o povo continuará analfabeto e com fome.
Liberar a entrada e saída do capital só funciona se o governante evita a euforia e o gasto público. Com isso, ele sempre terá reservas para enfrentar a fuga do capital. Mas como é que os populistas, que dependem do ato de dar esmolas, vão resistir ao gasto público, e logo agora que eles estão agarrados ao poder, com ajuda dos pobres, da classe média viajante e dos ricos que sustentaram a sua campanha?
Ah, ia me esquecendo, como a demanda é função da disponibilidade a pagar, seria preciso que o mercado interno consumisse três vezes mais o que ele tem capacidade para que as indústrias não fossem à falência. Getúlio Vargas, que era um outro escorpião, que o diga.

AS CONTRADIÇÕES DO NEO-POPULISMO

Para derrotarmos o populismo e sua versão atual, o neo-populismo, 
é preciso acabar com a pobreza e com o analfabetismo. Mas para
acabar com estes dois flagelos é preciso acabar com o populismo.
A bolsa família, ao contrário, o perpetua. Os mapas acima são uma
evidência deste dilema.

Monday, November 1, 2010

E O MAPA DA DISTRIBUIÇÃO DE BOLSA FAMÍLIA

VOTOS DO SEGUNDO TURNO E ANALFABETISMO NO BRASIL

ESTAMOS TRISTES, MAS NÃO DERROTADOS

Ficamos tristes.
O que nos impressiona não é o fato de pessoas diferentes elegerem políticos que divergem da nossa opinião. O que impressiona é o fato das pessoas elegerem um projeto de poder que exclui a divergência de opinião. E pior, que faz isto clandestinamente.
Em seu discurso de comemoração, Dilma falou sobre vários temas que agradaram aos menos atentos: liberdade de imprensa, direitos humanos, direitos religiosos. Um ponto não foi percebido pelos jornalistas: a criação de uma "polícia comunitária".
Uma das grandes conquistas da humanidade foi a constituição de forças policiais armadas profissionais, submetidas ao Estado e não aos governos. Isto é verdade para as forças armadas e para as forças policiais, incluindo, no caso brasileiro, a Polícia Militar.
Outros governos instituíram "polícias comunitárias". Entre estes, Cuba e a Alemanha de Hitler. Em ambos os casos a "polícia comunitária" foi e é uma polícia de controle da sociedade, uma espécia de milícia que foge ao controle da Lei.
Nos dias de hoje, a tirania, dita do proletariado, não exclui o capitalismo. Ao contrário, o inclui e controla. Vejam o caso exemplar da China. Há outros, como o Vietnam; e mesmo Cuba se prepara "para o futuro" criando espaços para que o empreendedorismo salve a economia. Lênin já sabia disto quanto inventou a Nova Economia Política. Stalin, envolvido pelas guerras e suas consequências, preferiu aperfeiçoar os sistemas de "controle político". Dessas lições, os anti-democratas concluíram que o capitalistmo não pode mudar o Estado totalitário. O que importa aos tiranos de hoje não é o controle dos meios de produção, mas o controle dos meios de repressão. Prestem atenção na "polícia comunitária".
Durante muito tempo, os liberais usavam a expressão de que "o preço da liberdade é a eterna vigilância". A esquerda, por isso, acusou esta expressão como sendo o símbolo da direita totalitária. Isto faz parte da ignorância de esquerda. A expressão foi originalmente cunhada por um protestante liberal que se notabilizou por defender católicos ameaçados de morte na Irlanda do final do século XVIII, origem do que mais tarde veio a ser o IRA, organização totalitária de esquerda. O liberal que os defendia de serem condenados por apenas um testemunho (ou delação) era John Philpot Curran, um ídolo dos liberais  na Irlanda. 
"A condição imposta por Deus ao nos dar a liberdade foi a eterna vigilância", dizia Curran. "Se o homem deixa de observar esta condição, a consequência deste crime é a servidão, punição para sua culpa", concluia. (Speech upon the Right of Election for  Lord Mayor of Dublin, 1790. Speeches. Dublin, 1808).
Estamos tristes, mas não estamos derrotados.

Friday, October 29, 2010

RESPOSTA A CARLOS, O ARGENTINO

Caríssimo Carlos,
Ademais de sua amizade é sempre um prazer ler os seus textos, sejam eles populares ou sofisticados. Publiquei os dois últimos em meu blog, um blog que fiz somente com o intuito de sacanear o Lula. Como não posso dizer que ele é um pigmeu na política, porque isto ele não é, resolver mostrar que ele, sendo esperto, espertíssimo, é, ao mesmo tempo, infantil. Por isso acredito que a imagem do Peter Pan é a mais adequada. Um político que infantilizou a política e os brasileiros, com pão e circo. ´
É difícil criticar aos que dão pão, como aos que dão esmolas, ainda que seja evidente que este é o melhor (ou pior) caminho para aprisionar as pessoas e torná-las dependentes. Já que o pão as salva da fome momentânea. Também é difícil criticar aos que dão circo quando vemos os sorrisos desdentados dos famintos. Como dizer a esses que há um mundo melhor, que é possível sair da fome e da miséria sem se submeter aos poderosos, que é possível rir sem se imbecilizar?
O populismo é a maior desgraça do nosso continente, e é pior quando travestido de esquerda, porque retira da esquerda aquilo que ela tinha de melhor (se é que tinha): a indignação contra a injustiça. Observe o Fidel, por exemplo. Em sua velhice quer parecer uma espécie de Dom Quixote, diminuindo o valor do cavaleiro da triste figura que habitava um lugar em La Mancha. Fidel desonrou a honra, roubou a honestidade, e tornou iníqua a justiça ao avançar com fúria sobre seus adversários. E, pior, acabou tornando-se um modelo para os menores que ele como o Chavez, o Lula o Kirchner.
Recuperar o senso de justiça, a atenção com os famintos, restaurar a honra e a honestidade é o que os homens de bem, venham de onde vierem, precisam fazer para que o nosso continente melhore. Os mortos, como diria o Conselheiro Acácio, do Eça de Queiroz, morreram. E alguns, sinceramente, não farão falta.
Abraços fraternos,
Manuel
PS: Acho que você também deveria fazer um blog, para que outros possam pensar e se divertir com as suas crônicas.
MS

Thursday, October 28, 2010

ARGENTINA, AGORA A SÉRIO

Manuel. gracias, pero me parece que la escritura (del email anterior) era, por demás, vulgar.
 
Realmente lo que está pasando es propio de este país imprevisible, desafiante, irreverente, culto e ignorante a la vez.
Este el país "de la mano de Dios", el mismo que va a la guerra  de la mano de un militar que les arrebató la democracia, el que odia a los militares con pancartas que muestran al Gral. Perón de uniforme militar en su caballo blanco.......un país raro, inentendible, decadente, al fín.
El granero del mundo que ahora importa carne o come milanesas de soja, una fábrica de analfabetos hoy, un ejemplo de alfabetismo mundial hace tiempo, un país rico, otrora, asolado hoy por cantidad de indigentes revolviendo basura y alimentándose de mendrugos, sin leche y con pampas donde florecen vacas.
Difícil de entender este país, ¿no?.
Ahora nos toca vivir otra etapa de insensatez colectiva.
Se esta velando a un ex presidente en ejercicio, obviedad indiscutible y poco democrática si las hay.
Un hombre reverenciado a niveles de un estadítica mundial en nombre de la democracia, en un país que supo tener una cruel y costosa dictadura.
Pero resulta que el difunto de marras era un violento "per se", denostador de adversarios, perseguidor de la prensa independiente, apretador, manipulador de la justicia y hasta los organismos del estado para intimidar posibles adversarios, patotero, enriquecido astronómicamente desde el poder en nombre de la revolución, el "dueño de la caja", el que le puso su apellido al país.
Pero hoy con la muerte concretada, aquellos perseguidos, apretados, extorsionados, todos los que sufrieron sus arbitrariedades derraman una lágrima, permanecen circunspectos, acompañan el "vodevil" que la patota peronista sabe organizar, y con creces, para estos casos.
Y es entonces que me pregunto:¿ porque esto es así?.
Creo que, lamentablemente, no puede ser de otra forma.
Si proclamamos, risueña y pícaramente, que el mejor gol del buen fútbol argentino fue aquel hecho con la mano, como no hemos de rendir un extraordinario homenaje, en nombre de la democracia, a un hombre que, en definitiva, era "un dictador que participaba de elecciones".
 
 
Mis saludos
 
Carlos

HOUVE TAMBÉM UM PETER PAN NA ARGENTINA

Estimado Manuel: 
Hoy acá estamos viviendo un día de los típicos del peronismo de Perón, acá la TV de todos los canales levantó sus programas desde el momento de su muerte.
Al pingúino lo van a velar hasta el sábado en la Casa Rosada y de ahí a enterrar en Santa Cruz.
Realmente a mi edad muchas cosas pasan por mi cabeza, por momentos no se bien que piensa esta gente que vive alrededor mío o que hago yo alrededor de esta gente, estoy desorientado.
Hasta sus más acérrimos enemigos hablan loas de Néstor, el luchador, el pensador, el estratega.
Este hijo de puta conservador disfrazado de izquierdista, ladrón, déspota y profundamente corrupto y retrogrado que nos copo el país de menesterosos que jamás trabajaron, ni estudiaron y viven del Estado....generaciones de inservibles criados en la cultura de la contemplación, el choripán y la cumbia
El panorama de la Plaza de Mayo ahora es el peor de los tangos jamás escuchados o simplemente el tango: Cambalache.
 
Abrazo
 
Carlos

ESCRITORA DE CONTOS INFANTIS ESCREVE PARA SININHO

Os adeptos de Peter Pan incluíram o nome da escritora Ruth Rocha na lista de intelectuais que apoiariam a Dilma. Ruth Rocha, uma das maiores escritoras de livros infantis no Brasil publicou a carta a seguir dizendo que isto foi um desaforo.
Se no aniversário de Peter Pan, Sininho tivesse dado  um dos livros da Ruth Rocha como presente, ele, Peter Pan, teria se desenvolvido, crescido, e conseguiria se comportar como um adulto, permitindo que seus adeptos, incluindo Sininho, também crescessem e não cometessem essas infantilidades de usar o nome dos outros indevidamente. 
Abaixo vejam a carta da escritora.
"Carta à candidata Dilma.
Meu nome foi incluído no manifesto de intelectuais em seu apoio. Eu não a apoio. Incluir meu nome naquele manifesto é um desaforo! Mesmo que a apoiasse, não fui consultada. Seria um desaforo da mesma forma. Os mais distraídos dirão que, na correria de uma campanha... 'acontece'. Acontece mas não pode acontecer. Na verdade esse tipo de descuido revela duas coisas: falta de educação e a porção autoritária cada vez mais visível no PT. Um grupo dominante dentro do partido que quer vencer a qualquer custo e por qualquer meio.
Acho que todos sabem do que estou falando.
O PT surgiu com o bom sonho de dar voz aos trabalhadores mas embriagou-se com os vapores do poder. O partido dos princípios tornou-se o partido do pragmatismo total. Essa transformação teve um 'abrakadabra' na miserável história do mensalão. Na época o máximo que saiu dos lábios desmoralizados de suas lideranças foi um débil 'os outros também fazem...'. De lá pra cá foi um Deus nos acuda!
Pena. O PT ainda não entendeu o seu papel na redemocratização brasileira. Desde a retomada da democracia no meio da década de 80 o Brasil vem melhorando; mesmo governos contestados como os de Sarney e Collor (estes, sim, apoiam a sua candidatura) trouxeram contribuições para a reconstrução nacional após o desastre da ditadura.
Com o Plano Cruzado, Sarney tentou desatar o nó de uma inflação que parecia não ter fim. Não deu certo mas os erros do Plano Cruzado ensinaram os planos posteriores cujos erros ensinaram os formuladores do Plano Real.
É incrível mas até Collor ajudou. A abertura da economia brasileira, mesmo que atabalhoada, colocou na sala de visitas uma questão geralmente (mal) tratada na cozinha.
O enigmático Itamar, vice de Collor, escreveu seu nome na história econômica ao presidir o início do Plano Real. Foi sucedido por FHC, o presidente que preparou o país para a vida democrática. FHC errou aqui e ali. Mas acertou de monte. Implantou o Real, desmontou os escombros dos bancos estaduais falidos, criou formas de controle social como a Lei de Responsabilidade Fiscal, socializou a oferta de escola para as crianças. Queira o presidente Lula ou não, foi com FHC que o mundo começou a perceber uma transformação no Brasil.
E veio Lula. Seu maior acerto contrariou a descrença da academia aos planos populistas. Lula transformou os planos distributivistas do governo FHC no retumbante Bolsa Família. Os resultados foram evidentes. Apesar de seu populismo descarado, o fato é que uma camada enorme da população foi trazida a um patamar mínimo de vida.
Não me cabem considerações próprias a estudiosos em geral, jornalistas, economistas ou cientistas políticos. Meu discurso é outro: é a democracia que permite a transformação do país. A dinâmica democrática favorece a mudança das prioridades. Todos os indicadores sociais melhoraram com a democracia. Não foi o Lula quem fez. Votando, denunciando e cobrando, foi a sociedade brasileira, usando as ferramentas da democracia, quem está empurrando o país para a frente. O PT tem a ver com isso. O PSDB também tem assim como todos os cidadãos brasileiros. Mas não foi o PT quem fez, nem Lula, muito menos a Dilma. Foi a democracia. Foram os presidentes desta fase da vida brasileira. Cada um com seus méritos e deméritos. Hoje eu penso como deva ser tratada a nossa democracia. Pensei em três pontos principais.
1) desprezo ao culto à personalidade;
2) promoção da rotação do poder; nossos partidos tendem ao fisiologismo. O PT então...
3) escolher quem entenda ser a educação a maior prioridade nacional.
Por falar em educação. Por favor, risque meu nome de seu caderno. Meu voto não vai para Dilma."

Tuesday, October 26, 2010

TEXTO DO VÍDEO DO MANIFESTO EM DEFESA DA DEMOCRACIA

Em uma democracia, nenhum dos Poderes é soberano. Soberana é a Constituição pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo.
Acima dos políticos estão as instituições, pilares do regime democrático. Hoje, no Brasil, os inconformados com a democracia representativa se organizam no governo para solapar o regime democrático.
É intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos individuais.
É inaceitável que a militância partidária tenha convertido os órgãos da administração direta, empresas estatais e fundos de pensão em centros de produção de dossiês contra adversários políticos.
É lamentável que o Presidente esconda no governo que vemos o governo que não vemos, no qual as relações de compadrio e da fisiologia, quando não escandalosamente familiares, arbitram os altos interesses do país, negando-se a qualquer controle.
É inconcebível que uma das mais importantes democracias do mundo seja assombrada por uma forma de autoritarismo hipócrita, que, na certeza da impunidade, já não se preocupa mais nem mesmo em fingir honestidade.
É constrangedor que o Presidente da República não entenda que o seu cargo deve ser exercido em uma plenitude nas vinte e quatro horas do dia. Não há “depois do expediente” para um Chefe de Estado.
É constrangedor também que ele não tenha a compostura de separar o homem de Estado do homem de partido, pondo-se a aviltar os seus adversários políticos com linguagem inaceitável, incompatível com o decoro do cargo, manifestação escancarada de abuso de poder político e de uso da máquina oficial em favor de uma candidatura. Ele não vê no “outro” um adversário que deve ser vencido segundo regras da democracia, mas um inimigo que tem de ser eliminado.
É aviltante que o governo estimule e financie a ação de grupos que pedem abertamente restrições à liberdade de imprensa, propondo mecanismos autoritários de submissão de jornalistas e empresas de comunicação às determinações de um partido político e de seus interesses.
É repugnante que essa mesma máquina oficial de publicidade tenha sido mobilizada para reescrever a História, procurando desmerecer o trabalho de brasileiros e brasileira que construíram as bases de estabilidade econômica e política, com o fim da inflação, a democratização do crédito, a expansão da telefonia e outras transformações que tantos benefícios trouxeram ao nosso povo.
É um insulto à República que o Poder Legislativo seja tratado como mera extensão do Executivo, explicitando o intento de encabrestar o Senado.
É um escárnio que o mesmo Presidente lamente publicamente o fato de ter de se submeter às decisões do Poder Judiciário.
Cumpre-nos, pois, combater essa visão regressiva do processo político, que supõe que o poder conquistado nas urnas ou na popularidade de um líder lhe conferem licença para rasgar a Constituição e as leis. Propomos uma firme mobilização em favor de sua preservação, repudiando a ação daqueles que hoje usam de subterfúgios para solapá-las.
É preciso brecar esta marcha para o autoritarismo.
Brasileiros erguem sua voz em defesa da Constituição, das instituições e da legalidade. Não precisamos de soberanos com pretensões paternas, mas de democratas convictos.

Manifesto em Defesa da Democracia

Monday, October 25, 2010

FERREIRA GULLAR DEFENDE O VOTO EM SERRA




 VAMOS ERRAR DE NOVO?
Faz muitos anos já que não pertenço a nenhum partido político, muito embora me preocupe todo o tempo com os problemas do país e, na medida do possível, procure contribuir para o entendimento do que ocorre. Em função disso, formulo opiniões sobre os políticos e os partidos, buscando sempre examinar os fatos com objetividade.
Minha história com o PT é indicativa desse esforço por ver as coisas objetivamente. Na época em que se discutia o nascimento desse novo partido, alguns companheiros do Partido Comunista opunham-se drasticamente à sua criação, enquanto eu argumentava a favor, por considerar positivo um novo partido de trabalhadores. Alegava eu que, se nós, comunas, não havíamos conseguido ganhar a adesão da classe operária, devíamos apoiar o novo partido que pretendia fazê-lo e, quem sabe, o conseguiria.
Lembro-me do entusiasmo de Mário Pedrosa por Lula, em quem via o renascer da luta proletária, paixão de sua juventude. Durante a campanha pela Frente Ampla, numa reunião no Teatro Casa Grande, pela primeira vez pude ver e ouvir Lula discursar.
Não gostei muito do tom raivoso do seu discurso e, especialmente, por ter acusado “essa gente de Ipanema” de dar força à ditadura militar, quando os organizadores daquela manifestação ─ como grande parte da intelectualidade que lutava contra o regime militar ─ ou moravam em Ipanema ou frequentavam sua praia e seus bares. Pouco depois, o torneiro mecânico do ABC passou a namorar uma jovem senhora da alta burguesia carioca.
Não foi isso, porém, que me fez mudar de opinião sobre o PT, mas o que veio depois: negar-se a assinar a Constituição de 1988, opor-se ferozmente a todos os governos que se seguiram ao fim da ditadura ─ o de Sarney, o de Collor, o de Itamar, o de FHC. Os poucos petistas que votaram pela eleição de Tancredo foram punidos. Erundina, por ter aceito o convite de Itamar para integrar seu ministério, foi expulsa.
Durante o governo FHC, a coisa se tornou ainda pior: Lula denunciou o Plano Real como uma mera jogada eleitoreira e orientou seu partido para votar contra todas as propostas que introduziam importantes mudanças na vida do país. Os petistas votaram contra a Lei de Responsabilidade Fiscal e, ao perderem no Congresso, entraram com uma ação no Supremo a fim de anulá-la. As privatizações foram satanizadas, inclusive a da Telefônica, graças à qual hoje todo cidadão brasileiro possui telefone. E tudo isso em nome de um esquerdismo vazio e ultrapassado, já que programa de governo o PT nunca teve.
Ao chegar à presidência da República, Lula adotou os programas contra os quais batalhara anos a fio. Não obstante, para espanto meu e de muita gente, conquistou enorme popularidade e, agora, ameaça eleger para governar o país uma senhora, até bem pouco desconhecida de todos, que nada realizou ao longo de sua obscura carreira política.
No polo oposto da disputa está José Serra, homem público, de todos conhecido por seu desempenho ao longo das décadas e por capacidade realizadora comprovada. Enquanto ele apresenta ao eleitor uma ampla lista de realizações indiscutivelmente importantes, no plano da educação, da saúde, da ampliação dos direitos do trabalhador e da cidadania, Dilma nada tem a mostrar, uma vez que sua candidatura é tão simplesmente uma invenção do presidente Lula, que a tirou da cartola, como ilusionista de circo que sabe muito bem enganar a plateia.
A possibilidade da eleição dela é bastante preocupante, porque seria a vitória da demagogia e da farsa sobre a competência e a dedicação à coisa pública. Foi Serra quem introduziu no Brasil o medicamento genérico; tornou amplo e efetivo o tratamento das pessoas contaminadas pelo vírus da Aids, o que lhe valeu o reconhecimento internacional. Suas realizações, como prefeito e governador, são provas de indiscutível competência. E Dilma, o que a habilita a exercer a Presidência da República? Nada, a não ser a palavra de Lula, que, por razões óbvias, não merece crédito.
O povo nem sempre acerta. Por duas vezes, o Brasil elegeu presidentes surgidos do nada ─ Jânio e Collor. O resultado foi desastroso. Acha que vale a pena correr de novo esse risco?
Ferreira Gullar é poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista, ensaísta e um dos fundadores do neoconcretismo. Um dos nomes mais respeitados da arte nacional.

Saturday, October 23, 2010

OS CAPANGAS DO PETER PAN

Dois dos agressores de Serra são amigos do peito de Lula

sábado, 23 de outubro de 2010

À esquerda e à direita dois dos amigos de Lula que participaram da agressão ao Serra. Esse da direita, conhecido como "Mata-Mosquito" é candidato derrotado do PT para deputado estadual pelo Rio

Manifestação em Campo Grande - RJ

Manifestação em Campo Grande - RJ

Manifestação em Campo Grande - RJ

Mesmo com todas as evidências o presidente Lula continua a criticar o candidato Serra. Como provam as fotos, ao menos dois dos agressores, são amigos do peito de Lula. São como que soldados fascistas ou kamikases que levam bombas na cintura para fazer um favor ao "chef". Veja abaixo transcrição de trecho de uma reportagem do Estadão:

Ao lado de Dilma Rousseff, sua candidata escolhida para disputar a presidência da República, Dilma Rousseff, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não poupou o candidato do PSDB, José Serra, na noite desta sexta-feira (22) em um comício na cidade mineira de Uberlândia.
Ao se referir ao episódio da última quarta-feira (20), quando Serra foi atingido na cabeça por objetos em caminhada no calçadão de Campo Grande, no Rio de Janeiro, Lula afirmou que a turma de Dilma é pacífica. "



Tenho vergonha da pessoa que ocupa o cargo de Presidente da República. Vergonha e nojo. O sarcasmo, o deboche, a impropriedade com que esta pessoa trata a questão política, os adversários e coisa pública são lamentáveis, tristes, vergonhosos. Os seus adeptos creem que isto é divertido e babam a felicidade dos bovinos.Não têm noção do que os espera. Eu espero que esta terra ingrata não enterre os meus ossos.



Na minha juventude perdi grande parte do meu tempo lendo as bobagens de Marx, Engels, Lenis, et caterva. Uma das coisas que me lembro era o livrinho do bolchevique Lenin "esquerdismo, doença infantil do comunismo", onde Lenin diz o que quer: a ditadura do proletariado. As duas palavras, doença e infantil, poderiam ser usadas também para ele próprio.


Mas, como o Lênin já morreu, prefiro usar as palavras doença e infantil para os que atiram objetos, bolas de papel ou qualquer outra coisa, nos seus inimigos. Uso-as, as palavras e não os objetos, também para os que aplaudem este comportamento, incluindo, aí, o Presidente da República, esta espécie de Peter Pan subdesenvolvido, que acha que ser Presidente é fazer gracinhas para seus ruminantes seguidores.


Babam os ruminantes, imaginando que seus pequenos prazeres de viajar a Disneylandia ou de comprar TV de LCD advêm da riqueza proporcionada por Peter Pan. Bovinos, são incapazes de compreender como e porque os doláres barateiam e sem antever os custos que este barateamento, causado pelas altas taxas de juros, trazem para o país. Os argentinos já viram esta história. Hoje amargam as consequências.


Enfim, cada país tem o peronismo que merece. Sinto pena dos brasileiros, atuais e futuros. Sinto pena dos que acusam os mencheviques da social democracia como extremistas de direita. Enfim, "eles não sabem o que fazem".


O bolchevismo deu no que deu, ditadura supostamente do proletariado, uma primeira guerra que Lenin entregou aos alemães em troca do apoio para sua revolução, uma segunda guerra onde morreram 20 milhões de russos, e uma restauração apressada do capitalismo onde os antigos companheiros acabaram chefes de máfias que hoje dominam a política. Triste fim só igualado pelo comandante da ilha da fantasia, a outra, não a do nosso Peter Pan..


Embevecido por sua própria imagem, Lula, o Peter Pan de Garanhuns, controlado pelos bolcheviques do Araguaia, imagina inventar histórias e repetí-las histriônicamente, uma espécie de Goebbles de gatinhos. Lança-se ao ar, acompanhado de uma sinistra Sininho, fantasiando lutar contra um capitão gancho imaginário, um papai malvado que o abandonou pequeno e o deixou pequeno para o resto da vida.


Sininho, que, como algumas aves, tem penas mas mal consegue voar, distribui estrelinhas vermelhas) para os comparsas de sua "base de apoio", hienas que já se devoram entre si à espera da carniça do povo brasileiro. E as ovelhas, fascinadas pelo brilho das estrelas, batem palmas. Meu Deus, este é o país do carnaval, do samba do crioulo doido. Que o diga o "sebastião" Ponte Preta, personagem criado por Sininho, a qual imagina que o criador do Festival de Besteiras que Assolam o País seja algum jogador paulista.

Saturday, October 9, 2010

POLITICA É TIMING

Serra e Marina estão perdendo o momento para declarar publicamente que entederam o recado das urnas. O povo que Marina na Chefia da Casa Civil para substituir a Dilma e fazer aquilo que o Lula não deixou ela fazer: um governo que tem como proposta uma economia verde, do futuro. Até o dia 15 ainda temos tempo, depois o risco de uma derrota para os dois aumenta.

Thursday, October 7, 2010

A HORA É ESTA. SENÃO SERÁ A DERROTA

NÃO HAVERÁ SUICÍDIO MAIOR NA HISTÓRIA POLÍTICA DO BRASIL SE A MARINA E O SERRA NÃO CHEGAREM A UM ACORDO. ISTO SERIA NEGAR O QUE AS URNAS PEDIRAM. AMBOS DEVEM FAZER TODO E QUALQUER ESFORÇO PARA QUE O PROGRAMA DO PARTIDO VERDE SEJA INCORPORADO AO PROGRAMA DO SERRA E DA ALIANÇA OPOSICIONISTA. NÃO HÁ CONTRADIÇÕES. A COISA MAIS SIMPLES SERIA CONVIDAR A MARINA PARA A CHEFIA DA CASA CIVIL ALEM DE EVENTUAIS OUTRAS CONCESSÕES POSSÍVEIS. SENÃO, AMBOS CAIRÃO NO EXÍLIO POLÍTICO.
Para mim isto é uma coisa óbvia: Serra e Marina só chegarão ao poder se aliarem fortemente. Ou seja, se a Marina e o Partido Verde entrarem na campanha do Serra para valer. Por outro lado, é preciso que o Serra ofereça condições políticas para a Marina poder desenvolver um projeto verde transversal a todos os ministérios. E isto só é possível se ela for a Chefe da Casa Civil. A população mostrou pelo voto que quer isso. E os políticos de todos os lados da oposição, o que pensam?