Sunday, December 2, 2012

TCU E CNPq: A DILMA TEM TRATAMENTO ESPECIAL?


DILMA NÃO DEFENDEU A TESE DE DOUTORADO. Disto todo mundo sabe. Cursou o programa em Campinas, onde todos os alunos têm, obrigatoriamente, bolsas com recursos do Governo Federal. O TCU e o CNPq têm perseguido todos os alunos que, por diversos motivos, não defendem suas teses. Exceto, claro, Dilma Roussef!

PORQUE O TCU E O CNPq PERSEGUEM QUEM NÃO CONCLUI A TESE, EXCETO DILMA ROUSSEF

DILMA TAMBÉM NÃO DEFENDEU A TESE DE MESTRADO. Disto todo mundo sabe. Cursou o programa em Campinas, onde todos os alunos têm, obrigatoriamente, bolsas com recursos do Governo Federal. O  TCU e o CNPq têm perseguido todos os alunos que, por diversos motivos, não defendem suas teses.
Exceto, claro, Dilma Roussef!


Sunday, November 25, 2012

OS ERROS DA UFRJ. Até quando?


Há dois meses, aproximadamente, a PR-4, pró-reitoria administrativa da UFRJ, admitiu que ERROU (!) e que eu tenho o direito de me aposentar. Há dois anos o meu processo circula pelos corredores imundos da UFRJ e eu ouvi ofensas de todo o tipo por defender o meu direito, líquido e certo!
Agora, a UFRJ admitiu que ERROU (!), e só isso. Ou seja, não lhe interessa o prejuízo que me causou. Não lhe interessa que há um ano eu não tenho a possibilidade de assumir outros contratos de trabalho porque continuei sendo professor tempo integral e dedicação exclusiva desta universidade (argh!!). Não lhe interessa saber quantas oportunidades eu já perdi por causa desta incompetência, para dizer o mínimo.
Há dois meses, a UFRJ errou novamente ao dizer que eu só teria o direito de me aposentar há somente seis meses. Na verdade, o meu direito é desde 28 de fevereiro de 2008, e eles sabem disso!
Ainda assim, logo após o pífio reconhecimento do ERRO (!) eu providenciei todos os documentos (são muitos, como manda a burocracia absurda da UFRJ) e há um mês o meu processo de aposentadoria entrou na nova fila de espera! Até agora, eu tive que recusar a dois convites de universidades fora do Brasil graças a inépcia da UFRJ.
 Até quando?

Monday, October 1, 2012

ELECTRA E OS MICRO-PODERES


Nós, professores de Ciência Política, somos obrigados a conhecer os micro-poderes  Hoje, nem o Diretor do IFCS, nem o Reitor da UFRJ, puderam me receber, eu professor da universidade há 35 anos e 10 meses. É natural, eles tem muitos afazeres. Eu também, que já ocupei funções tão ou mais importantes que as deles, sei o quanto é complicado lidar com a burocracia no Brasil. Se fosse na Alemanha, o Weber diria que este é o poder racional. Já no Brasil...
Mas, fui recebido pelo Sub-Reitor (não sei porque tenho dificuldades com a função de Pró-Reitor),  que me prometeu que até o dia 15 de outubro estarei aposentado, como se me fizesse um favor. "Qual o seu pleito?", me perguntou, o que me obrigou a responder-lhe que eu buscava um direito. Ali  na ante-sala das secretárias do Reitor, ele me prometeu, como, aliás, me prometera há 10 meses atrás, tempo em que o meu processo está na SR-4. Me lembrei de Montesquieu nas Lettres Persanes, e das sete portas do poder, coisa que os poderosos nunca leram.  
Mas, como diria o moleiro prussiano ao déspota Frederico O Grande, "ainda já juízes em Berlim". Quando sentirem a espada da Justiça vão se queixar da minha ação, assim como hoje vemos os antigos poderosos de Brasília se apresentarem chorosos, como se vítimas fossem. Fico com pena, não de mim, mas dos pobres brasileiros que não têm o mesmo acesso que o moleiro prussiano. Enfim, no dia 15 aguardaremos a sentença.
Tenho pena também da instituição UFRJ, onde estudei e lecionei por 35 anos, e mais 10 meses. Não apenas, era mais democrática, expressão que hoje é tautológica, mas, fundamentalmente, era mais competente. Hoje, por causa da falta da racionalidade apregoada pelo Weber, somos submetidos aos erros, descaso, incompetência e desinteresse de funcionários e autoridades. Ninguém leu, nem lerá, o meu processo; todos acham que eu sou uma pessoa desagradável "chorando e lamentando-me às portas do palácio", como a Electra de Sófocles.



Monday, September 24, 2012

AS LEIS DOS CRIMINOSOS



O STF julga deputados que supostamente receberam dinheiro para votar em duas leis: a reforma da previdência e a reforma tributária. Se eles forem condenados, como tudo indica, eles podem ser qualificados como criminosos e os seus votos como crimes. A pergunta é: se estas reformas foram aprovadas graças a estes votos, ou seja se a diferença de votos para aprovação for igual ao votos supostamente criminosos, estas leis terão sido leis criminosas? Estas "leis", ou se quiserem, estes "crimes", que afetaram e continuam afetando milhões de brasileiros, precisam ser re-confirmadas por votos válidos, que não sejam criminosos?

Sunday, September 23, 2012

AS PRIMEIRAS PALAVRAS DOS ANIMAIS




Há muito tempo, quando os animais falavam e eu era de esquerda, a peça de teatro que eu mais gostava era "Aquele que diz sim e aquele que diz não", de Bertold Brecht. Depois de muito tempo na crença de que deveríamos "estar de acordo" com "o coletivo", eu aprendi, com aquela peça, a dizer não. Aí vai um excerto do texto traduzido em português:

O GRANDE CORO — O mais importante de tudo é aprender a estar de acordo.Muitos dizem sim, mas sem estar de acordo.Muitos não são consultados, e muitos estão de acordo com o erro. Por isso: O mais importante de tudo é aprender a estar de acordo.
...
O PROFESSOR — Vocês decidiram continuar e deixá-lo aqui. É fácil decidir o seu destino,Mas difícil executá-lo.Estão prontos para jogá-lo no vale?
Os TRÊS ESTUDANTES — Sim.
...
O PROFESSOR — Você exige que se volte por sua causa? Ou está de acordoem ser jogado no vale como exige o grande costume?
O MENINO, depois de um tempo de reflexão

— Não. Eu não estou de acordo

Abaixo mando o link do texto de Brecht para que os meu amigos de esquerda - ainda os tenho, mas são cada vez mais escassos - meditem:
http://pt.scribd.com/doc/52132804/BRECHT-Bertolt-Aquele-que-diz-sim-Aquele-que-diz-nao

Monday, August 20, 2012

VEM COMIGO DANDO GLÓRIA

http://www.youtube.com/watch?v=9hOy93yzSr0

SAUDADES DO DR. ROBERTO


Todo o mundo sabe que eu sou o último dos liberais. No sentido antigo da palavra. Eu não sou um neo-liberal, por exemplo. O meu liberalismo é assim uma espécie de vale-tudo, menos os conservadores, que são nossos inimigos mortais. Eles estão para nós assim como o Escaravelho Vermelho estava para o antigo Batman. Hoje em dia virou bagunça e o inimigo do neo-Batman é o Coringa.
Tudo isto para dizer que O Globo, desta vez, exagerou. Na penúltima manchete eles acabaram com uma greve - a dos professores - que, apesar da profecia - vai bem, obrigado. Hoje, eles decretaram que "a greve", não sabemos exatamente qual, já custou 1,2 bilhão em sete anos. A princípio me perguntei: estamos em greve há sete anos? Depois, mais calmo, me dei conta da conta que eles fizeram, conta de mentiroso. Sete anos? porque sete anos? Poderiam ser dois, dez ou setenta. Mas para quem fez e autorizou esta manchete não faz mal. O importante é que "a greve", qualquer greve, já custou mais de um bilhão.
Perdoem-me os meus amigos de esquerda, mas eu já trabalhei em O Globo e ainda tenho bons amigos jornalistas, alguns ainda de esquerda, deste tempo. Na época em que lá trabalhava, na mesma sede onde fica parado o Dodge Dart do Agamenon, eu era o que se chamava de "Redator A" (ainda vou escrever um livro com este título. Redator A era mais importante que PhD em História, ou que Titular em universidade federal. Ao Redator A competia, entre outras coisas, escrever as manchetes. Se eu escrevesse uma manchete como esta, o Dr. Roberto Marinho, que ainda andava por entre as máquinas de escrever, teria me demitido.
Mas, eu sou um liberal vale-tudo e para mim vale a greve como vale ser contra a greve. Só não vale mentir, porque mentir é coisa de conservador. E a mentira não tem nuances. A mentira é a falta da virgindade. Não existe meia mentira assim como não existe a "demi-vierge". A melhor definição de demi-vierge que eu encontrei foi em um dicionário inglês: "a girl or woman who behaves in a sexually provocative and permissive way without yielding her virginity". Isto é o que se pode chamar de "demi-definition". Demi-vierge é muitíssimo mais do que isso, senão qualquer criança brasileira ou sueca, no carnaval carioca ou em um acampamento de escoteiro em Estocolmo, seria uma demi-vierge. Não, demi-vierge, a rigor, não existe. Porque ou se é virgem ou não, porque a virgindade é um estado de espírito, assim como a inocência.
Eu, quando vejo uma manchete como esta de O Globo de hoje, me sinto uma virgem, uma vestal, e vejo o quão longe vai a minha ingenuidade quando se trata de lidar com conservadores. Cheguei mesmo a pensar em me tornar "de esquerda" novamente. Depois desisti, primeiro porque a esquerda também já perdeu a vergonha e porque, como diria uma pessoa de quem eu gosto, esquerda e novo não combinam na mesma frase. Está bem, é "novamente", mais eu odeio advérbios, porque não são nem verbos nem adjetivos. Uma espécie de demi-vierge gramatical.
Mas paro estatelado quando leio o sub-título da matéria de O Globo: "professores das universidades federais estão chegando a mil dias de greve...em 32 anos". Os três pontinhos não existem, mas eu não resisti. Alguns, professores e não pontinhos, já morreram sem completar os mil dias de greve, esses são uma espécie de "demi-Pelé", o Romário que me perdoe.
Senhores jornalistas de todo o mundo: estes são títulos e sub-títulos que se prezem? Está bem, todos tem o direito de ser contra a greve, qualquer greve, mas um mínimo de caráter é necessário. Vou terminar, porque senão começo a falar bobagem. E por falar nisso, tenho saudades do Dr. Roberto.

Wednesday, August 15, 2012

O VOTO DOS TITULARES E A POLÍTICA NACIONAL


Serra e Mercadante precisam falar clara e explicitamente sobre a greve dos professores universitários e por extensão de todos os servidores ( foi o Mercadante quem conseguiu esta extensão ao postergar uma decisão rápida para os professores ). 
FHC e Geraldo Alkmin querem, ao apoiar a posição autoritária do governo, desgastar a Dilma e, por tabela, o próprio Serra, a quem eles nunca apoiaram (o negócio deles ainda é o Aécio). O Serra por sua vez ainda não foi claro sobre o assunto. Está dando uma de Mercadante. 
Ninguém quer perder os votos dos professores universitários e estudantes da cidade de São Paulo. Esta é a peça central para a política brasileira dos próximos anos. O PT já perdeu votos com a invenção do Haddad, mas o Serra ainda não está seguro da vitória. (e o FHC e o Alkmin exploram isto para ficar com a parte do leão).
O Serra, que representa outros interesses no PSDB, não quer se pronunciar sobre a greve dos professores, repito, e, por extensão, dos servidores públicos. Por incompetência do Mercadante, esta greve deixou de ser uma questão simples para se tornar o abacaxi do governo e do PT.
Não há greve sindical, toda a greve é política, quer queiram ou não. E quanto mais os servidores resistirem mais política ela será. O que está em jogo é a política dos próximos anos. Todo mundo quer os votos dos servidores, dos professores e dos alunos, e não apenas os votos dos titulares.

Monday, August 13, 2012

O MINISTRO DOS CATEDRÁTICOS



O Mercadante é o grande problema da greve em todas as universidades brasileiras. O problema educacional não é da Dilma nem da Ministra do Planejamento.
Esta triste figura que ocupa o Ministério tem que se pronunciar sobre o evento mais relevante da última década na área da educação, dizer a que veio. Ninguém pode ser ministro e ficar fingindo que não sabe de nada. O que ele conseguiu até agora foi ampliar a greve e dar condições para a volta dos "catedráticos".
O fortalecimento de "titulares" é a volta ao academicismo oligárquico mais reacionário da vida das universidades brasileiras. É recriar uma estrutura feudal nas universidades; estimular a vassalagem e submeter o pensamento livre.
As consequências deste projeto de governo são muito mais nefastas do que simplesmente desestimular a greve. A longo prazo domestica o conhecimento, enquadra as pesquisas, impede as críticas e, pior, cria entre os professores o desejo individual único de vir a ser titular, ser socialmente reconhecido.
Conhecimento não se faz com catedráticos e isso já ficou claramente demonstrado ao longo de cinco séculos de bacharelismo. Conhecimento se faz com trabalho conjunto e competição saudável entre universitários e universidades, livres das conduções governamentais.
O Mercadante tem algo a dizer sobre isto? Ou ele prefere ser o Ministro dos Catedráticos.

Tuesday, May 8, 2012

UMA UNIVERSIDADE SINISTRA 2


Conversa com um ex-aluno da Escola de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro a partir de uma postagem no Facebook

ATENÇÃO SENHOR REITOR: NADA COMO A BUROCRACIA DA UFRJ
Depois de passar 114 dias no cadastro para PROVIDENCIAR E ATENDER, o processo agora está há 54 dia EM EXECUÇÃO/PROVIDÊNCIAS. Quando eu morrer, espero que a Universidade Federal do Rio de Janeiro me dê uma resposta! (ver abaixo os dados da própria universidade)

Gabryel Souza E o Sr. esperava uma burocracia diferente em uma país que é o 69º no ranking de corrupção?
Manuel Augusto Pacheco Sanches Desde 22/11/11 o processo espera para aprovar/autorizar, segundo despacho do Departamento de Legislação.
Gabryel Souza A burocracia é o preço que pagamos para nos vermos livres do Estado de Natureza. Paciência.
Mas, nesse caso, já é burrocracia mesmo...
Manuel Augusto Pacheco Sanches A burocracia é a mãe da corrupção. Se eu fosse de outra natureza já teria oferecido uma "cervejinha" para superar as dificuldades. Mas eu prefiro a denúncia pública!
Manuel Augusto Pacheco Sanches Vou continuar com a minha cruzada contra a incompetência administrativa de uma universidade sinistra!
Gabryel Souza Na verdade eu vejo como um ciclo vicioso. A burocracia surge para inibir a corrupção, mas acaba por instigá-la. Agora, sem a burocracia, o nível de poder nas mãos de um indivíduo, ainda que numa democracia, com certeza o corromperia.
Manuel Augusto Pacheco Sanches O poder, qualquer poder, sempre corrompe!
 Gabryel Souza Por isso que digo que minha ideia de Autoritarismo é tão ilusória quanto a ideia de uma Democracia que funcione.


Wednesday, April 25, 2012


RÁPIDA CONVERSA NO FACEBOOK COM O BRUNO, AMIGO DO GABRYEL (reproduzo porque achei que valeu a pena)

Manuel Augusto Pacheco Sanches - E porque é que a PREVI, do proletariado bancário do Banco do Brasil, aplica todo o seu capital em ações das grandes empresas? Um pequeno lucro para garantir a aposentadoria?
about an hour ago · Like
Bruno Marconi - Manuel, não confunda o conceito de classe social pensado pelo Engels e pelo Marx no século XIX com a atual situação do capitalismo. Hoje em dia só existe a PREVI porque o proletariado lutou bastante durante todo o oitocentos e o século XX para construir o Estado de Bem-Estar Social (desmontado continuamente a partir de 70) que proporciona essas oportunidades.
57 minutes ago · Like
Manuel Augusto Pacheco Sanches - Hahaha, agora entendi! Quer dizer que a luta de classes agora foi para o espaço? Bom saber. Explica isto para os marxistas, quem sabe eles aprendem! E quer dizer que o Estado do bem estar social não é mais o instrumento de classe da burguesia? Explica isso para eles de novo. Eles vão gostar.
54 minutes ago · Like
Bruno Marconi - Bem, não disse isso em nenhum momento. A luta de classes só mudou de figura, assim como o Estado do Bem-Estar Social foi um momento de enfrentamento e negociação entre os trabalhadores e as classes dominantes. Tanto que seu desmantelamento foi exatamente para frear o avanço socialista e trabalhista na Europa Ocidental.
Sendo mais específico e aprofundado na questão das classes pro Marx e pro Engels:
O conceito de classes como expresso no manifesto (e nessa tirinha) é generalista. Em outras obras do Marx, como o 18 de Brumário de Luís Bonaparte, ele expõe diversas outras classes sociais que atuavam no cenário político da França. Assim como hoje em dia, a luta de classes não se reduz só a "trabalhadores" de um lado e "proprietários" do outro. Quem interpreta assim é marxista que não passou da terceira página do manifesto. Os 99% do Movimento Occupy, por exemplo, é extremamente múltiplo, misturando diversas formações sociais, culturais e políticas no mesmo saco. É bonito, mas dentro delas existem antagonismos e contradições que ou se resolvem ou não vão fazer nenhum estalo nos tais 1% (que, de fato, existem).
50 minutes ago · Like
Manuel Augusto Pacheco Sanches Ok. - Bruno. Acredito. Também já acreditei na Bíblia (você já leu? Toda?) e no Capital (E este, você já leu? Todo? Até o fim? Não acredito). Vamos fazer o seguinte, quando você quiser conversar comigo sobre o marxismo marcamos um chopp. Acho que em 10 minutos você estará convencido que esta é a religião mas sem fundamento já construída. Mas, enfim, respeito a crença dos outros. Dê um abraço no Gabryel.
46 minutes ago · Like
Bruno Marconi - Bem, já ouvi mais de uma vez que marxismo é religião. Infelizmente, tendo a crer que seja de gente que não percebe como as ciências humanas em geral são construídas, ou acreditam num cientificismo economicista de extremo reducionismo. A "mão invisível" ou as "leis autônomas do mercado" não soam mais como religiosas do que grupos sociais de interesses diferentes se enfrentando na esfera política (Habermas? Adorno?)?
Marxismo é uma teoria, meu caro, constitutiva de um método de compreensão da ontologia do ser social (Lukacs, já leu? Pois é, eu já li O Capital e a Bíblia...). Não é a única, não, apesar de eu achar a mais coerente. Mas é assim que as ciências humanas funcionam: com teorias e com método hipotético-dedutivo sobre evidências empíricas.
Você não tá falando com adolescente que acabou de entrar na faculdade e leu dois textos de marxismo só não, cara. Li muita gente que bateu no marxismo, li muita gente que o desdenha. Algumas críticas são válidas, outras não. Isso não leva a corrente como um todo a ser destruída. Mesmo pro pessoal que não a usa para suas análises, tem muita coisa boa, oferece recursos interessantíssimos para construção de conhecimento. Vide como, na crise mundial, economistas e Estados inteiros recorreram a especialistas em Marx para explicá-la.
Acho que você vai precisar de um pouco mais de 10 minutos pra tirar as contribuições de Marx da minha cabeça, hein? ;)
30 minutes ago · Unlike ·  1
Gabryel Souza Sério: eu tenho muita vontade de colocar vocês dois, Manuel e Bruno na mesma sala, deixar os dois conversando e sentar ao lado com um bloco de notas.
25 minutes ago · Unlike ·  1
Manuel Augusto Pacheco Sanches - Caríssimo Bruno. Você não tem idade para ter lido tudo que cita. Claro, estuda no IFCS, na UFRJ, deve ser orientando do Chico Carlos (mande minhas lembranças para ele). O IFCS eu conheço bem, há exatamente 35 anos, mais ainda quando eu era aluno, há 40 anos. Mas, como lhe disse, eu RESPEITO as crenças alheias. Inclusive aquelas que creem ser teorias. Quem sabe do Habermas é o Cardeal Ratzinger, mais conhecido como o Papa Bento XVI. Enfim, vou ficar por aqui. Mas devo dizer que você me lembra os meus 25 anos. Há 42 anos também gostava de citar esta turma toda, hoje um pouco ultrapassada, não acha. De qualquer maneira, você escreve bem. Aqui vai um conselho (não tome como pedanteria): seja mais simples! Eu sei que, para defender o marxismo, é preciso ser hermético, um pouco como os sacerdotes egípcios. Não acredite em tudo o que os seus professores dizem, eles, na maioria, sabem menos que você. Talvez eu realmente precise de mais de 10 minutos para tirar as "contribuições" de Marx da sua cabeça, mas confesso, eu não tenho tempo. Não por você, que, sinceramente, acredito que seja um jovem honesto nas suas crenças. Mas pelo marxismo...é muito proselitismo.
16 minutes ago · Like
Manuel Augusto Pacheco Sanches - Ainda não terminei, a nota "escapou" dos meus dedos. Continuando, acho que você não precisa desta falsa sofisticação para ser reconhecido como uma pessoa inteligente e estudiosa. Ria um pouco do suposto saber. E fique tranquilo, você tem muitas boas qualidades, assim como o Gabryel.
12 minutes ago · Like

UFRJ: UMA UNIVERSIDADE SINISTRA


Para aqueles interessados na UFRJ.
Notícias de um processo de mais de dois anos: há dezenas de encaminhamentos " para providenciar e atender". Depois quase dois anos, o processo chegou à Divisão de Legislação que, após 14 dias, encaminhou à PR4-Superintendência Geral de Pessoal "para aprovar/autorizar". Dali, levou quatro dias e carimbar "para encaminhar ao setor competente", ou seja o Cadastro. Lá repousou por 114 dias!! e recebeu o despacho "para providenciar e atender" (o mesmo...sempre), sendo encaminhado para a Superintendência de Pessoal (observem que esta não é a geral, anterior, ou seja está rodando no mesmo lugar). Diante do descaso, eu mesmo fui falar com o Sub-Reitor, que analisando os processos (são dois, um anexo ao outro) me disse que tudo indicava que os processos seriam resolvidos administrativamente. O processo está lá, com o Sub-Reitor, há 41 dias (acabei de ver na Intranet).
Estes são os famosos processos da minha aposentadoria. Já mostrei aqui, no Facebook, todos os documentos que apresentei (pautas assinadas por mim, notas lançadas por mim, etc...). Quer dizer, se eu não era funcionário da UFRJ estes atos administrativos são ilegais e nulos!
O que eu solicito administrativamente é que a UFRJ me dê uma resposta. Uma resposta qualquer! Pode ser um não, não me importo. Eu vou me aposentar de qualquer maneira, quer eles queiram ou não! Mas não há, na UFRJ, um mínimo de qualidade administrativa. Há apenas um descaso e um desrespeito com a Lei!
Daqui a pouco serei obrigado a fazer uma carta aberta ao Reitor. Não sei se isto o sensibilizará, mas me dará um pouco mais de conforto, ainda que me custe muito dinheiro do meu parco salário. É uma pena que a antiga Universidade do Brasil, onde me formei, tenha se transformado nisto, em uma "universidade de esquerda", como eles se auto-denominam. Para mim, tornou-se, quando muito em uma universidade sinistra.

Friday, April 13, 2012

BOA NOITE "SIR"

- Boite noite, Sir.
- Are we going to talk in English, or...?
- Como?
- Vamos falar inglês ou português?
- Como?
- O senhor começou com "boa noite, Sir", eu pensei que íamos falar em inglês.
- Não, senhor, eu falei "boa noite, ser".
- Ser ou Sir? Não entendi.
- Ser, eu falei "boa noite, ser"
- Como assim, ser? Ser humano?
- É, pode ser, qualquer ser...
Este taxista não está regulando bem. Tenho que ir devagar. Louco a gente não contraria.
- Ser, como? Assim, tipo assim "ser ou não ser?"
- O senhor está gozando com a minha cara?
- Não, Sir...quero dizer, não, senhor. O senhor foi quem começou.
- Eu já disse: não comecei nada. Só dei boa noite, ser!
- Ok. Tá bom...ser! Pode ser assim...qualquer ser...animal, vegetal?
- Acho que o senhor ainda está me sacaneando, mas vai lá: pode ser qualquer ser. Eu sou espiritualista. Acho que qualquer ser que entra no meu taxi merece respeito.
-Eu também... (silêncio)
- Para onde vamos?
- Ali para o Corte, o Corte Cantagalo, quero dizer...antes que o senhor ache que é deboche.
- Está bem.
Eu fiquei olhando fixo para o espelho do motorista. Assim via a cara, mais a testa, do taxista, e podia imaginar se ele estava babando ou coisa semelhante. Nunca tinha visto um início de conversa tão maluco. Mas fiquei firme.
Eu tinha chegado de Ithaca, upstate New York, e acho que foi por isso que achei que o cara me confundiu com um turista estrangeiro. Enfim, o turismo tem aumentado no Rio.
Ithaca parece coisa de Ulisses. Fiquei matutando enquanto olhava fixo para. Mas o cara parecia sério. Como as religiões evangélicas e outras, inclusive as indianas, estão proliferando na periferia do Rio, achei que o cara podia ter entrado numa dessas viagens místicas, uma espécie de São Francisco do Terceiro Mundo. Afinal, outro dia, vi um padre franciscano beijando a mão de um cachorro, quero dizer, a pata, Tá valendo tudo.
Olha aqui, depois daquela latinha de lixo tem um arbusto, logo em seguida um recuo, número 183, tem uma placa bem grande, ali onde está passando aquele cara, o senhor pode entrar...agora. O taxi parou, paguei os dez reais, e fui me embora.
Tem cada maluco!

Monday, April 2, 2012

OS JUMENTOS BRASILEIROS

http://www.youtube.com/watch?v=xyxEtNGSqnE

Cheguei a pensar em escrever um blog sobre os jumentos brasileiros, mas fiquei em dúvida. Afinal, os jumentos já foram paparicados pelo Lula e pelo Brizola, e qualquer comentário meu, contra ou a favor dos jegues, poderia gerar uma fúria de esquerda da qual eu não escaparia incólume. Mesmo o social-democrata Fernando Henrique, na pressa de homenagear o equino nacional, montou num burro pensando que era um cavalo. Esta foi pior que montar num porco.
Os políticos brasileiros, por motivos outros que não a pura concorrência, não mais homenageiam os jumentos. Dilma, ao contrário de seus predecessores, prefere mandar os burros para a China. Quem sabe assim, comendo a carne dos jegues, os chineses fiquem mais próximos dos brasileiros.
Deixei de fazer o meu blog porque a texto da revista Época é quase completo: 
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDR50761-6014,00.html 
Faltou dizer, talvez, que os jumentos brasileiros somos nós. Já que não se pode dizer que os nossos eleitos sejam burros.
Acho mesmo que, assim como tatu bola foi escolhido para a Copa de 2014, o jegue deveria ser o símbolo das Olimpíadas de 2016. Não corre muito, é verdade, mas tem uma resistência de cão (?) e é maltratado por todo o mundo (o Mundo, literalmente), Nada melhor, portanto, que ser reconhecido como o legítimo representante do povo brasileiro.
Como se não faltasse mais nada, o jegue, hoje, é tipicamente nordestino. Embora já o tivesse sido (tipicamente) gaúcho. E mesmo aqui, no Rio de Janeiro, chegou a se multiplicar furiosamente, primeiro lá pelas bandas de Macaé, e, agora, por todo o Estado.
Quando chegarem na China, antes de serem devorados, os jegues se reproduzirão, espero, exponencialmente. Assim como os chineses. E quem sabe, no futuro, o grande negócio não seja mais o da China e, sim, o negócio do jumento brasileiro, sem qualquer outra conotação.

Tuesday, March 13, 2012

DISTORÇÕES E FALSOS PODERES NAS UNIVERSIDADES

Transcrevo trecho de email que recebi de Gisele Lopes. A estudante se refere à USP, mas os comentários aplicam-se a todas universidades brasileiras e particulamente à UFRJ.
"Embora alguns estudantes se sintam vocacionados ao trabalho científico, as condições de ingresso e permanência na carreira dependem, no dizer de Weber, de um “acaso incontrolável”. Passado quase um século desta sua conferência (A Ciência como vocação, 1919), com a permanência e agravamento desta situação, parece ter chegado (senão já passado) o momento de nomear e discutir o que vêm a ser e como se reproduzem estes “acasos”. A hierarquia de posições e poder que estrutura a carreira acadêmica acumula, em um polo, toda a força e tomada de decisões, e, de outro, toda a dependência e submissão. É quase desnecessário dizer que tal sistema propicia uma série de distorções e arbitrariedades.

A relação entre orientadores/orientandos estabelece uma forma perversa de clientelismo, que sempre me pareceu semelhante a uma sociedade de corte medieval, com suas relações de suserania e vassalagem. Os professores doutores concursados ou titulares, estabelecidos no topo da hierarquia acadêmica e habilitados a lecionar e orientar (frequentemente sinônimo de tutelar, doutrinar e explorar) pesquisas em centros de pós-graduação, tratam a estes institutos como se fossem seus próprios feudos. Mesmo estando em Universidades Públicas, arvoram-se à posição de proprietários da vaga que detêm temporariamente por concessão e para prestação de serviços educacionais. “Esquecendo-se” de sua condição de servidores públicos – e dos princípios da moralidade, transparência e impessoalidade, que deveriam pautá-los – muitos acadêmicos patrimonializam seus cargos de professores/pesquisadores e os utilizam como bem o entendem.


A expressão “autonomia universitária” serve, na estrutura da carreira acadêmica, apenas como eufemismo a encobrir a prática de abusos, irregularidades, injustiças e conchavos de toda a espécie sem que se seja incomodado ou fiscalizado. Entre os pares, reina a prática corporativista de “uma mão lavar à outra”, para tudo continuar sujo. Quando “autonomia” é apenas um instrumento para legitimar desigualdades e abusos de poder, ela precisa ser regulada e fiscalizada – não para ceder espaço a autoritarismos e arbitrariedades provenientes de outras fontes, mas para reger-se pela isenção e transparência. O que pensar de uma carreira cujo ingresso depende, ao fim e ao cabo, da discricionariedade de uma só pessoa, e cujos processos seletivos e suas regras sejam mera fachada de formalidade? O que pensar quando se percebe que as relações afetivo-pessoais (e também as desavenças) são mais relevantes do que a aptidão para a ciência?

Talvez esse texto possa parecer a alguns mera demonstração de ressentimento de alguém que foi lesada e precisa externar sua frustração. Em parte o é, embora não se esgote aí, e, nem que o fosse, se tornaria por esta causa ilegítimo: Tocqueville, no século XIX, maravilhado com as instituições democráticas americanas, citava a liberdade de imprensa e a proliferação de jornais como uma espécie de freio à tirania, já que, de acordo com ele, até os cidadãos mais frágeis e desprotegidos poderiam se valer dela para expor publicamente os desmandos a que eram submetidos. Parece-me que hoje a internet tem o potencial de desempenhar papel semelhante, conseguindo trazer a público informações e denúncias que poderiam ficar circunscritas apenas às partes envolvidas no episódio. No entanto, mais importante do que isso, é sua capacidade manter em pauta discussões e propostas para questões sociais e institucionais pertinentes.

Infelizmente, sei que o que me ocorreu não é um caso isolado, e sim absurdamente frequente, pois a estrutura de poder na academia dá guarida e favorece a ocorrência desse tipo de arbitrariedade. À boca pequena, nas conversas de corredores que quase ninguém ousa levantar nos fóruns abertos, não faltam registros de casos aberrantes que se dão nos bastidores: de assédio moral e sexual, troca de favores para a obtenção de posições e até a classificação de candidatos reprovados de acordo com as regras dos programas, mas aprovados por critérios de simpatia e apadrinhamento, e vice-versa. Além, claro, da “necessidade” de uma subserviência crônica aos caprichos do superior hierárquico, que se explica pela situação de tutela do estudante, dependente de assinaturas, aprovação e indicação de contatos para se viabilizar neste campo. Em se encontrando um professor que se recuse às suas obrigações, que aja de má-fé ou má vontade, sabe o orientando que toda a sua carreira, independentemente de sua qualidade científico-intelectual, poderá estar comprometida. A bajulação e submissão são pré-requisitos essenciais e subentendidos, parte daqueles códigos de conduta não escritos e quase nunca verbalizados. Por isso mesmo, quase nunca questionados: nas universidades, enquanto uma parte de seus membros permanece alheia a tudo o que ocorre, absorta em suas baladas, outra simplesmente adapta-se à esta sociabilidade corrupta. Há ainda a parcela daqueles que, mesmo interessados e aptos à pesquisa, acaba por desistir por não se ver capaz de sobreviver a este ambiente insalubre e opressor.

Conhecendo situações vivenciadas por diversas pessoas em várias instituições de ensino, e refletindo sobre a recorrência destas práticas, vejo que o maior problema não está em um ou outro personagem destas histórias, mas sim na estrutura de poder no interior do campo acadêmico, que as mantém e reproduz. Enquanto as estruturas de poder e tomada de decisões na Universidade não forem mais democráticas, de cima a baixo e de baixo para cima, e enquanto as relações de trabalho acadêmico não se modernizarem e perderem esse caráter nobiliárquico, de clientelismo e favoritismo, todo o sistema seguirá se perpetuando. Teremos, simplesmente, os estudantes de hoje, sucedendo à geração atual e reproduzindo suas práticas e desmandos. Pois o sonho de muitos dos que um dia foram oprimidos é tornarem-se, eles mesmos, os opressores.

Talvez o que mais me impressione seja a contradição entre os nossos estudos como cientistas sociais, na desnaturalização, no desvendamento de mecanismos obscuros das instituições e a nossa incapacidade de refletir criticamente sobre nossa práxis. A desenvoltura com que descrevemos e aplicamos conceitos como “patrimonialismo”, “clientelismo”, “impessoalidade”, “coisa pública”, “nepotismo”, “transparência”, “justiça”, “democracia”, “igualdade” etc e com que analisamos, criticamos, julgamos e propomos medidas para outros campos é incompatível com as práticas vigentes na academia. Provavelmente porque seja mais simples, mais cômodo, apontar a falta de democracia na Universidade apenas nos atos de quem se encontra no topo da hierarquia. Como se a responsabilidade por todas as mazelas da Universidade fossem dos reitores, e no limite, dos governos estaduais ou federal. Como se o que a universidade é, ou vá se tornando ao longo do tempo, não tivesse participação alguma de seus atores mais numerosos e cotidianos: professores e estudantes.

Tudo o que eu posso fazer, neste momento, é propor esta reflexão sobre o campo acadêmico, e, especialmente, sobre seus procedimentos de seleção, para que sejam debatidas em cada curso de Ciências Sociais, em cada órgão colegiado de programas de pós graduação relacionados à área. Algo precisa ser feito, propostas precisam surgir e serem postas em avaliação, pois só assim o atual estado de coisas poderá começar a se alterar."