Monday, October 28, 2013

ÚLTIMO RECURSO, ME FAZER DE URSO!

Carta enviada há anos à então Ministra Marina Silva, no governo do Lula. Publico porque ela dá uma dimensão do que era e é a burocracia da social democracia! A violência burocrática do Estado social democrático continua a mesma.

Sra. Ministra de Estado

Maria Osmarina Marina da Silva Vaz de Lima

Ministério do Meio Ambiente

Esplanada dos Ministérios, Bloco B, 5o. andar,

70068-900 – Brasília – DF




Prezada Ministra




Há um verso de Cassiano Ricardo que diz: último recurso, me fazer de urso para a alegria das crianças. O surrealismo está no fato do desespero e a agressividade estarem juntos em uma quase brincadeira de crianças, e é neste mesmo surrealismo que me encontro há quase um ano graças a uma permanente intimidação por parte do Ibama. Para não levar a público esta situação, meu último recurso é escrever-lhe uma carta que nunca sei se lhe chegará já que o poder muitas vezes conduz ao isolamento.

Sou um funcionário público aposentado pelo Município do Rio de Janeiro e ainda com uma matrícula como Professor Adjunto do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro que, espero, breve também se transforme em uma merecida aposentadoria. Durante a minha vida de servidor tive a oportunidade de ser Sub-Secretário de Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro, durante a Eco-92, e duas vezes Sub-Secretário do Município do Rio de Janeiro, uma na Secretaria de Obras e Serviços Públicos e outra na Secretaria de Urbanismo. Fui Presidente da Comlurb, uma das maiores empresas públicas de limpeza urbana. Fui Presidente do Grupo Executivo de Despoluição da Baía de Guanabara e pude junto com meus colegas desenvolver, apresentar, negociar e aprovar o Plano de Despoluição que o BID e o Japan Bank financiaram para a Guanabara. Há mais de 20 anos trabalho com a área de meio ambiente. Nos últimos anos servi ao atual governo como Diretor de Planejamento Estratégico da Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz.

Não pretendo me estender em meu currículo, bastando-me dizer que em toda a minha vida de servidor público nunca tive um uma multa, um reparo, uma repreensão que fosse, por nenhuma ação minha, nunca nenhum Tribunal de Contas, seja municipal, estadual ou federal, me imputou qualquer erro.
Após a minha aposentadoria fundei, fui o primeiro e sou o atual presidente do Instituto Baía de Guanabara, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público que trabalha com o meio ambiente e com os grupos pobres da Baía de Guanabara. Junto comigo encontra-se a Sra. Dora Hees de Negreiros, superintendente do IBG, ex-diretora da FEEMA, e muitos outros ex-servidores que, embora não estejam no aparelho de Estado, continuam servindo ao público. No IBG pude realizar projetos com o Fundo Nacional do Meio Ambiente, do MMA, tendo um dos nossos projetos sido escolhido para estar entre os oitos melhores financiados por aquele fundo. Trabalhamos com a Petrobrás e com diversos outros níveis administrativos incluindo principalmente algumas das prefeituras dos municípios mais pobres no entorno da Guanabara.

Coube a administração atual do Ibama me envolver em um processo kafkiano onde sou acusado de agir irregularmente em um convênio do IBG com aquele instituto, convênio este ajustado com a administração anterior para apresentar um plano de gestão da APA de Guapi-Mirim. Entre as acusações estão as de que eu não teria cumprido a legislação, particularmente a Lei 8.666, ao contratar a direção e alguns técnicos para o desenvolvimento do projeto; ao efetuar gastos miúdos sem que usasse cheques nominais; e ao realizar reuniões que me foram solicitadas pela área técnica do Ibama. Não tenho nenhuma dúvida quanto à lisura dos meus atos. Como todos bons administradores sabem, um convênio difere em muito dos contratos; a maior parte de serviços técnicos especializados, mesmo quando contratada pelo serviço público, é definida pela qualidade técnica e não pelo menor preço. O IBG foi escolhido para o convênio com o Ibama pela sua qualidade técnica, já que não se pode conceber que um estudo sobre o manejo da APA de Guapi-Mirim pudesse ser feito por quem quer que fosse, desqualificado tecnicamente, que se apresentasse em uma concorrência por menor preço. Por outro lado, é inconcebível pensar que custos ínfimos como passagens de ônibus para os caranguejeiros de Guapi-Mirim, a área mais miserável da Guanabara, pudessem ser pagos por cheques nominais. Finalmente, os próprios técnicos do Ibama aprovaram e elogiaram o plano feito pelo IBG, incluindo as reuniões necessárias para que se estabelecesse a metodologia de gestão.

Também não vou me alongar na minha explicação já que além da consciência limpa tenho em minha defesa um dos melhores advogados da área administrativa no Rio de Janeiro, que, por acaso, vem a ser advogado do PT e do candidato do partido no Rio de Janeiro. Mas devo ressaltar duas coisas: não me refiro ao PT para usufruir eventuais intimidades com o poder já que eu mesmo me afastei da Diretoria da Fiocruz porque não podia conceber a esquizofrenia de ser ordenador de despesa de um governo onde o Ibama ameaça colocar meu nome no SIAFI como se eu fosse um bandido. A segunda ressalva é que eu não tenho recursos para ter como meu advogado uma pessoa desta qualidade e que só o tenho porque é meu parente e não cobra pela defesa do IBG e a minha. E não tenho recursos porque vivo de meus salários de aposentado e de professor e no IBG exerço minha função como voluntário – porque assim nos obrigamos em nosso estatuto – e nunca recebi um só tostão desta OSCIP.

No início imaginei que pudesse conversar com alguns dirigentes do Ibama e mostrar-lhes a insensatez da conduta que tomaram. Cheguei a pensar em falar com amigos meus como o Liszt, diretor do Jardim Botânico, o Minc, ou o Gabeira, o Sirkis, de quem eu fui sub-secretário de urbanismo do Rio de Janeiro, o Axel Grael, que é associado e ex-presidente do IBG, para que pudessem atestar o meu caráter. Cheguei a pensar em procurar muitos amigos da Fiocruz que conheceram o Presidente do Ibama quando este era chefe do Escritório Técnico de Manaus. Finalmente decidi que não se faz assim e resolvi, eu mesmo, ligar para o presidente do Ibama e pedir uma entrevista onde eu pudesse explicar o que eu acreditava ser um mal-entendido. Telefonei, mandei e-mail, falei com as secretárias e com alguns diretores do Ibama pedindo, apenas, que o presidente me concedesse uma entrevista. O máximo que consegui foi uma amável resposta do Chefe de Gabinete ao meu telefonema dizendo que o recurso administrativo proposto pelo meu advogado estava sendo analisado pela auditoria do Ibama.

Fui agora surpreendido por uma segunda carta me ameaçando com “medidas cabíveis” e me cobrando juros e correções monetárias de todo o recurso usado para a realização do convênio, pouco mais de cem mil reais agora transformados em quase cento e oitenta mil reais. Se o IBG tivesse feito um convênio para construir uma ponte, é mais ou menos como se o Ibama, agora, depois da ponte construída, resolver recuperar todo o dinheiro que adiantou, com juros e correções monetárias. Mais do que uma atividade bancária isto se configura como o verdadeiro conto do vigário. O IBG fez o Plano de Gestão de Guapi-Mirim e foi elogiado por isto e, pasme (!!), há uma semana, foi convidado por autoridade do Ibama Rio para ser a Secretaria Executiva do Conselho Gestor da APA de Guapi-Mirim, conselho este que representa a execução mais perfeita do plano para o qual nos conveniamos.

Diante do surrealismo que estou vivendo, da agressividade com que estou sendo tratado pelos técnicos do Ibama e da brincadeira infantil em que isto se tornou, é que sou obrigado a utilizar o meu último recurso, apelar a uma Ministra para que a burocracia do Ibama não me trate como inimigo – que ainda não sou – por razões que eu desconheço. Talvez pelo simples fato de eu ter assinado um convênio com um governo anterior, pelo fato de ter sugerido e apoiado a permanência do ex-Superintendente do Ibama-Rio, cargo ocupado por pessoa que, por acaso, era ex-cunhado do ex-ministro, ministro que vem a ser filho do atual Presidente do Senado.

Sra. Ministra, não sei qual a razão desta situação em que fui colocado e não lhe peço nenhum favor. O que eu lhe peço é que o Ibama faça cumprir a lei, mas que não me mantenha sob permanente intimidação porque eu não mereço isto. Se os dirigentes do Ibama estão certos de que cumprem a lei, então não a manipulem como ameaça. Façam o que querem fazer acreditar como sendo correto e assumam as conseqüências jurídicas de seus atos. Tenho plena consciência de que o poder do Estado, mesmo quando utilizado inconseqüentemente, é maior que o poder dos indivíduos, mas esteja certa, Sra. Ministra, de que isto não me intimida.

Atenciosamente

Manuel A.P. Sanches
Presidente do Instituto Baía de Guanabara

É bom que se diga que, depois desta carta, o "processo kafkiano" simplesmente desapareceu!


Tuesday, October 15, 2013

A QUARTA PATA DO ELEFANTE.


O quê a Marina Silva tem atravessado na garganta? Que flecha é essa que ela mesma construiu e que tem duas pontas, cada uma pertencente a uma tribo diferente? E ela ainda tentou esclarecer, mais do que duas pontas são três, uma voltada para o interlocutor e duas (que supostamente podem ser vistas como uma cauda, segundo Marina) voltadas para si mesma. Mais do que os antropólogos, Freud tem que ser ressuscitado para esclarecer a política: uma flecha atravessada na garganta já é demais e é muito mais do que um adereço. Ela mesma admitiu que as metáforas são modos de conhecer e de raciocinar! Citando a si mesma e ao Lula como metafóricos, disse que não queria matar nem a Dilma nem o Aécio e, curiosamente, quis-nos fazer entender que a flecha é estendida para o outro como uma forma de aliança. Ah, e ainda tem o arco, que segundo ela, é o colar que envolve o pescoço e de onde, suponho, a flecha é atirada. Haja garganta, haja Freud, e haja antropologia para entender o que se passa acima do pescoço da Marina.

E ela ainda disse que, atualmente, tem um grande interesse pela psicoanálise! Isto me agrada porque tem muita coisa nela, Marina, que precisa ser decifrada para que possamos adotá-la!

O que será que está atravessado na sua, dela, garganta? Será a Dilma? Será o PT? Ou será a social democracia, esta parte de trás com duas pontas (o PT e o PSDB) que precisa ser ultrapassada em um processo de "consciência progressiva". E para onde se estende essa ponta da frente, esta aliança agressiva e ameaçadora? Será ainda a social democracia do PSB. A esquerda é um "arco/colar" que enforca a goela da Marina?

Ao menos ela sabe juntar sujeito (ao qual ela sempre se refere como "novo" sujeito), verbo e predicado. Apesar dos pequeníssimos erros de gramática (quem não os tem), Marina consegue ir articulando pé e cabeça, criança e animal, no dia dos professores. Melhor que a Dilma. Mas ainda continua fixada na figura do pai, do Lula e do Chico Mendes. Afinal, a psicoanálise poderá ajudar a adquirir uma consciência progressivamente. Vamos aguardar.

Me lembro sempre de uma passagem do Levi-Strauss sobre a quarta pata do elefante, a qual os selvagens se referiam quando viam uma cerâmica onde havia a pintura de um elefante, onde só apareciam três patas. Deste elefante que é a social democracia, já temos o PT, o PSDB, e o PSB. Só faltava a quarta pata. Espero que a Marina escape deste rede. Afinal, a psicoanálise poderá ajudar.

Tuesday, October 8, 2013

SOCIAL DEMOCRACIA PETISTA, PEDÓFILOS E INFRINGENTES

A justiça social democrata petista resolveu indiciar cinco jovens por "formação de quadrilha" como modo de mantê-los encarcerados. Estes jovens tinham sido acusados de vândalos e baderneiros, mas isso não dá cadeia imediata, e a social democracia quer vê-los na cadeia.
José Dirceu quando jovem participou de manifestações violentas que a social democracia defendia como lutas contra um Estado autoritário [o que era verdade]. Mais tarde tornou-se Chefe da Casa Civil da social democracia petista e "chefe da quadrilha" que assaltou os cofres públicos, segundo a condenação do Supremo Tribunal Federal. É isso mesmo! Ele está condenado! Mas... teve direito aos embargos infringentes e, segundo o próprio Presidente do Supremo deverá ser absolvido do crime de formação de quadrilha.
Um dos jovens presos ontem também foi indiciado por pedofilia "pois foram encontradas fotos com menores" (A Agência Brasil, do governo social democrata petista não informa onde nem como). Curiosamente, a Ministra Maria do Rosário, da social democracia petista, "adotou um silêncio obsequioso diante do escândalo envolvendo Eduardo Giaevski, petista que responde a 23 processos por estupro de vulneráveis e que estava foragido desde que soube do mandado de prisão expedido pela Justiça do Paraná". Há um mês, "antes de ser internado para tratar de depressão profunda, o ex-assessor de Gleisi ameaçava a ex-chefe e o partido com a possibilidade de contar o que sabe (e não é pouco) sobre os esquemas de caixa 2 nas prefeituras do PT, assim como detalhes dos bastidores da Casa Civil." Ele já saiu da área psiquiátrica, mas não sem antes dizer que Gleisi o conhece muito bem e sabe “tudo” sobre ele. Inclusive sobre sua preferência por “mulheres jovens”. E disse ainda que que não será de forma alguma um novo Celso Daniel.
Será que os manifestantes, que não são da social democracia petista e não têm o que revelar, terão direito a embargos infringentes e ao silêncio da Ministra? Será que os manifestantes, que não são da social democracia petista e não têm o que revelar, terão direito a embargos infringentes e ao silêncio da Ministra?

Sunday, October 6, 2013

PLUNCT, PLACT, ZUM, NÃO VAI A LUGAR NENHUM!


A Social Democracia brasileira, com todas as suas vertentes e vertigens, é uma espécie de foguete infantil: não vai a lugar nenhum! Há 25 anos substituindo a ditadura militar no Brasil, os sociais democratas repetem o fracasso econômico, político e social dos 25 anos de seus antecessores. Há cinquenta anos o Brasil restringe todas as liberdades (econômica, política e social, repito) dos brasileiros, e patina feliz.
Mas, ah, dizem eles: houve o plano real que nos deu estabilidade econômica (para o caso dos advogados do PSDB); e houve o “bolsa família” que nos deu redistribuição de renda, dizem os defensores do trabalhismo petismo. E, depois, cospem uns nos outros, deixando a Internacional Socialista atordoada reconhecendo como sociais democratas o PDT (Deus nos valha!) e como observadores os “socialistas” de Eduardo Campos e Marina Silva.  O esculacho da social democracia no Brasil é tão grande que o PSDB, PT, PTB, PPS, PSB, todos se dizem sociais democrata e abanam o rabo para a Internacional Socialista na tentativa de obterem um carimbo de reconhecimento.
O que os torna iguais é que todos adoram o Estado, mamam (ou querem mamar) nas burocracias “públicas” que incham a cada dia que passa, impondo a todos nós uma brutal carga de impostos, taxas, tarifas e o diabo a quatro. Todos reverenciam o que chamam de Estado do Bem Estar, que deve ser do bem estar deles, porque para a população (de todas as faixas etárias!), que paga os impostos, é que não é. Todos apregoam as supostas benesses que o Estado pode ou deve oferecer, esquivando-se das consequências desastrosas não só para o conjunto da população atual como para a futura. Os exemplos dos desastres sociais democratas (Portugal, Espanha, Grécia, só para citar os mais atuais, sem falar na catástrofe da Alemanha pré-guerra) são rapidamente trocados pelas ruidosas manifestações contra os governos, quaisquer governos, que tentam remediar o buraco. Sobretudo, quando chegam ao poder, tratam de esconder que o Estado de Bem Estar é subvencionado por toda a população para o consumo conspícuo dos parasitas estatais.

Esta história de usufruir do Estado vem de longe e chega hoje ao capitalismo coroado, de compadrio, onde grandes empresas e bancos, associados (acumpliciados seria melhor dizer) à alta burocracia estatal monopolizam e distorcem os investimentos, arrasando qualquer possibilidade de competição e alterando o mecanismo do mercado que reduz a apropriação de renda e equaliza preços aos custos. Não preciso me referir ao “X” desta questão.Esta história vem de longe e merece outras postagens que farei depois.

Saturday, August 31, 2013

A MENTIRA TEM PERNAS CURTAS



É MENTIRA: "Nos vinte anos durante os quais a ditadura perdurou, O GLOBO, nos períodos agudos de crise, mesmo sem retirar o apoio aos militares, sempre cobrou deles o restabelecimento, no menor prazo possível, da normalidade democrática."

O GLOBO EM NENHUM MOMENTO RETIROU O APOIO AOS MILITARES.

Eu trabalhava em O Globo nesta época. A única verdade é que Roberto Marinho contratava pessoas de esquerda que não tinham nenhuma outra opção de trabalho. E dizia-se, naquela época, que RM contratava a direita, porque "sabia a mandar" e a esquerda porque "sabia trabalhar". E, naquela época, a dicotomia esquerda/direita tinha sentido. Não se trata de punir O Globo por toda a eternidade. O reconhecimento do erro é importante, mas é preciso que ele seja sincero e é preciso que haja uma reparação; senão o perdão não é possível. E eu tenho o sentimento de que o arrependimento ainda não é sincero. O Globo ainda pretende justificar o arrependimento com o argumento de que outros jornais também apoiaram o golpe de 1964. É verdade, mas também é verdade que somente O Globo continuou apoiando, e é por isso que conseguiu sobreviver até hoje. O Correio da Manhã, onde eu também trabalhei, foi empastelado! O Jornal do Brasil morreu à mingua. O arrependimento de O Globo, para ser sincero, precisa dizer claramente que apoiou a ditadura por todo o tempo em que ela existiu, e que só deixou de apoiá-la por puro oportunismo já que a democracia batia a sua porta. É uma pena que este arrependimento venha junto com tantas explicações. e, por isso, ele ainda não tem validade. Melhor seria dizer: O Globo apoiou a ditadura e se arrepende. Ponto!

A BABA DE BATISTA OU QUEM DIRIA, CUBA É DE DIREITA!


É preciso manobras intelectuais excêntricas para dizer que a Socialist Review é de direita. A revista é o órgão mensal do British Socialist Workers Party (SWP), surgiu em 1950, passou por diversas ondas (com duplo sentido), e ancorou-se como um "magazine" mensal dos trabalhadores socialistas desde 2007. 
Quem der uma olhada na página do Partido dos Trabalhadores (epa!) Socialistas, na aba Theory, vai se deliciar com "Karl Marx, Frederick Engels, Rosa Luxemburg, Leon Trotsky, Lenin e outros". Ainda na página do SWP, há cursos de introdução ao marxismo, de combate ao reformismo e ao revisionismo, de leninismo, trotskismo, lutas revolucionárias e, incrível!, de Teoria Econômica e sobre o Capitalismo de Estado na antiga União Soviética. É, portanto, sem dúvida, um partido de esquerda. E a Socialist Review é um seus órgãos oficiais. 
Em maio de 2011, Mike Gonzalez - ao que indica o nome um anglo-latino - escreveu um artigo intitulado "Cuba's Contradictions", analisando as decisões do Congresso Nacional Cubano daquele ano em que Raúl Castro resolveu abrir-se às forças do mercado. Por 14 anos o Congresso Nacional Cubano não se reunia, e a última vez fora sobre a direção do Secretário Geral do Partido Comunista Cubano, Chefe de Estado e Comandante das Forças Armadas, Fidel Castro.
"Para todos os socialistas, a dinástica transferência de poder de irmão para irmão, e o continuado domínio absoluto da revolução por mais de 50 anos, deve ser um ponto de preocupação", diz o artigo de Mike Gonzalez, que se acredita à esquerda da família Castro. E a partir daí senta o pau no regime cubano, de uma forma que eu fiquei ruborizado!
"A vida do cubano comum é uma constante luta"; os participantes do Congresso foram eleitos com base "em uma lista de candidatos pré-aprovados"; Hugo Chaves, em sua visita a Cuba em 2010, "soube das decisões que seriam aprovadas em 2011", inclusive da eliminação de meio milhão de empregos estatais. Estas são algumas das passagens suaves do artigo de Gonzalez. O Congresso aprovaria a privatização de 1/6 da economia. A realidade, ainda segundo o artigo, é que "a CORRUPÇÃO é o inevitável resultado do controle do estado cubano por uma burocracia que não mudou DESDE A ÉPOCA DE FULGÊNCIO BATISTA" (grifos meus). 
No que diz respeito à medicina, traduzo aqui, parafraseando livremente, parte do texto que já postei no Facebook: "Muito se fala da presença dos serviços médicos cubanos em outros países...A Venezuela tem 20 mil deles e uma geração sendo treinada em Cuba...Infelizmente isto não é um caso de solidariedade internacional...O conhecimento cubano em educação e saúde é um item de exportação que, no caso da Venezuela, é trocado por petróleo, o qual provavelmente salvou a economia cubana... O resultado é a deterioração do serviço médico em Cuba e a escassez do professores...Aqueles que não foram para o exterior transferiram-se para o setor turístico onde podem ganhar em dólares como taxistas, guias turísticos e TRABALHADORES DO SEXO."  
Fulgêncio Batista babaria de inveja...

Tuesday, August 27, 2013

QUERIDOS BOLIVIANOS, EU NÃO NASCI DE ÓCULOS.


Eu tenho seis queridíssimos amigos de esquerda, mas eles estão me abandonando, talvez  porque eu tenha sido muito ácido com os médicos cubanos. Esses amigos já não me visitam mais nas páginas do Facebook, não curtem mais as minhas mensagens, e deixaram de visitar o meu blog. Mas, eu, liberal por nascença, continuo gostando deles! E continuo intrigado: será mesmo que eu estou errado, será que o governo social democrata é uma maravilha e só eu que não vejo?
“Me diz o que é que eu tenho de mal, ô ô,...Por trás dessa lente tem um cara legal”. Eu vou ouvindo os Paralamas do Sucesso assombrado, não mais com “a minha sombra magra”, mas com a impossibilidade de ver ou de ser visto. Fernando Pessoa já alertava: “morrer é não ser visto”. Não consigo mais ver o mundo da esquerda e eles, pelo visto (desculpem-me o trocadilho) não conseguem ver o meu. Mas o meu princípio liberal me diz que a razão nos permite encontrar um caminho para o entendimento. A verdade nos torna livres.
Vou assim, caminhando e cantando, enquanto leio os jornais. Tento entender, assim como tentava entender o Programa Mais Médico, porque é que a Presidente Dilma acusa o Patriota de ser responsável pelo maior desastre diplomático e, ao mesmo tempo, o coloca em um dos cargos mais importantes da diplomacia: embaixador nas Nações Unidas. Não estaria o governo correndo o risco de criar novos desastres?
O regime da social democracia, em suas vertentes de direita e de esquerda, o PSDB de FHC e o PT do Lula, domina o país há quase tanto tempo quanto o regime militar. Tem a seu favor o fato de que suas falanges foram eleitas pelo povo, por este povo. É claro que, para isto, a social democracia lança mão de qualquer coisa, desde o mensalão até os conluios com a Siemens. Mas, o povo, analfabeto funcional, a levou e a mantem no poder.
Eu, assim como Pelé, me imagino menos idiota que o povo, e reconheço que os dois grupos da social democracia, em meio aos muitos desastres, fizeram duas coisas razoáveis: o Plano Real, que o PT tanto combateu, e o Bolsa Família, que o PSDB combate ao mesmo tempo que diz que o programa é seu. Vivem destas duas coisas, como se fosse razoável que governos por tanto tempo pudessem ter só isto como saldo positivo. Na minha pobre compreensão, era o mínimo que poderiam fazer.
Claro, “Eu ponho os óculos e vejo tudo bem, mas se eu to triste eu tiro os óculos, e eu não vejo ninguém”. À noite, para dormir, eu tiro os óculos. E foi na calada da noite que o Itamaraty, tida como uma das mais competentes instituições deste país, tirou da Bolívia um senador, ex-ministro, que acusa Evo Morales de estar em conluio com o tráfico de drogas. Evo Morales, por outro lado, acusa o Senador de ser um condenado por corrupção. Bem, ao menos nisso, ele está em “boa” companhia: Dirceu, Delúbio, Genuíno e João Paulo também estão condenados por corrupção.
Amorim, o Ministro da Defesa e ex-Ministro de Relações Exteriores, foi encarregado de avisar a Patriota que ele deveria pedir demissão porque não conseguir manter a hierarquia. Mas pasmem, a fuga do Senador boliviano foi garantida pela segurança de fuzileiros brasileiros que devem obediência a quem? Ao ministro Amorim! Será que eu estou enxergando bem?
Mas aqui, no final, vem o mais importante. Eu sempre esqueço que o mais importante deveria vir no início. A social democracia vem, desde que se instalou no poder, destruindo importantes estamentos profissionais (quem não souber o que é isto vá ao Google e procure por Max Weber). Primeiro os professores, depois os médicos e, agora, os diplomatas.
Fernando Henrique degradou os seus colegas professores, chamando-os de vagabundos. Em seguida disse que os que não tinham título de doutor davam aulas e que os outros se dedicavam à pesquisa. Esqueceu-se, ele mesmo, de dizer que nunca frequentou os bancos de um doutorado. Tornou-se “livre docente” com textos sobre a “dependência” que ele próprio mandou esquecer, quando foi alertado sobre a interdependência do mundo de hoje. Com estes mesmos textos tornou-se imortal. Vá entender! De FHC em diante, mesmo os Professores Doutores foram morrendo à mingua. E não há mais quem lhes dê crédito ou salário.
Depois vieram os médicos, segunda categoria profissional a ser destruída, acusada de ser a “máfia de branco”, só trabalhar por dinheiro, não atuar preventivamente, e estar a serviço das multinacionais farmacêuticas. Diga-se de passagem que este programa de destruição da categoria já vinha sendo urdido desde a época de José Serra. Mas foi Dilma e seu delegado Padilha que levaram o plano as suas últimas consequências: os cubanos seriam sacerdotes que não ligam para dinheiro, não se deixam dominar pela corporação, estão a serviço de outras indústrias farmacêutica e...atuam preventivamente. Os médicos brasileiros não valem nada e, agora, também ninguém lhes dá crédito ou salário.
Finalmente, a social democracia trata agora de dar o golpe mortal contra os diplomatas. Começaram por diminuir as exigências para ingressar na carreira. Saber inglês era coisa da elite? Bom, aprendam espanhol (só agora entendemos o porquê). Nem mesmo o francês nos interessa, já que devemos lidar com cubanos, bolivianos e venezuelanos, que também não falam nem inglês nem francês. O imperialismo, afinal, será vencido, como aprendi ouvindo os cearenses recepcionarem a primeira leva de doutores da prevenção.

Agora, a diplomacia brasileira passou a ser comandada pela Bolívia, Cuba ou Honduras. Ainda nos restam Venezuela e Equador. Afinal, para alguma coisa serviu que os diplomatas prestassem provas em espanhol. Eu não consigo mais ver o mundo de esquerda, preciso de óculos novos. Mas, queridos bolivianos, tenho medo de que “as meninas do Leblon não olhem mais para mim”!

Sunday, August 25, 2013

O CUBANO DE COLEIRA


Há animais que não ficam bem na coleira. Pode-se entender um cão de coleira, mas jamais um lobo, um tamanduá ou mesmo um gato. Afinal, os cães estão domesticados há milênios e há alguns que são quase humanos. Já os gatos, não sei porque motivo, escaparam desta sina. O humano, por sua vez, chega em alguns casos a se acostumar com as coleiras.
Agora mesmo, o Estado cubano levou às últimas consequências a ideia marxista do trabalho como mercadoria, mais que isso entendeu que o indivíduo é uma mercadoria a ser negociada pela sociedade à qual ele "pertence". Assim como o Estado capitalista, o brasileiro inclusive, extrai impostos, o cubano extrai valores da venda de sua mercadoria, neste caso o seu cidadão. 
O argumento favorável ao poder absoluto do Estado, contrariamente às sofisticadas considerações de Hobbes, é simples. O Estado lhe dá o mínimo essencial em casa, comida, educação e trabalho, e do indivíduo extrai sangue, suor e lágrimas. E pode vendê-lo como bem lhe aprouver. Nunca houve um argumento tão simplista para a escravidão.
Por isso, Cuba pode vender ou alugar todo e qualquer indivíduo que o Estado tenha treinado em alguma atividade, "medicina preventiva", vamos dizer, para usar a expressão que tanto apraz aos adeptos do estado totalitário. Preventiva da morte, talvez, mas não da escravidão. Afinal, as pessoas devem ser curados e salvas da morte prematura para melhor poderem ser usadas pelos representantes do "povo", esta entidade abstrata que substituí os indivíduos. Os senhores de engenho conheciam bem esta prática. Os veterinários dos burros de carga, também.
Dito isto, criam "médicos preventistas" como se cria gado, para que possam vendê-los aos borbotões mundo afora. Esta foi a forma inventiva de manter um regime totalitário: vinculando-o ao mundo capitalista da circulação de mercadoria. Os Estados capitalistas, por sua vez, não estão livres de culpas. Acostumados a minimizarem custos de produção, encontraram nos "médicos preventistas" uma mercadoria barata, para diminuir os custos que o próprio Estado capitalista assume na saúde. Caminham assim na mesma rota para a servitude de seus cidadãos.
Como o gado - Aristóteles sabia disso - não têm alma. E, por isso podem ser escravizados. 
Procriam, mas não podem ter família: ganham para a sua própria reprodução, e por isso não podem acumular. E, claro, não podem ter passaporte! Onde já se viu gado com passaporte? Ao "médico preventista" lhe resta a coleira!

O PLACEBO CUBANO


Estou tentando entender o objetivo do programa "mais médicos" que a social democracia, depois de 20 anos no poder (10 de Lula e 10 de FHC), tentar vender como "solução mágica" para o problema da saúde no Brasil. Este artigo abaixo é o menos ideológico que encontrei. Há de tudo, à torto e à direita (sem trocadilhos).
Para mim, a ideia de medicina como sacerdócio, do mesmo modo que magistério como sacerdócio, foi a maneira "ideológica" com a qual social democracia pretende resolver os custos do SUS, assim como o problema da educação. Com esta ideologia sacerdotal conseguiram desqualificar a profissão dos professores e, agora, começam a desqualificar a dos médicos.  A desqualificação dos professores começou com o FHC, a dos médicos, com o PT.
A política como sacerdócio ainda nunca foi tentada no Brasil, tampouco o foi a justiça. Seria curioso ver a sociedade cobrando de um político ou de um juiz que se internassem no mato em prol do Estado brasileiro. Aqui, o Estado marcha célere na compreensão de que os cidadãos são súditos e não soberanos, e têm o corpo e a alma subjugados ao poder coletivo. Nem a igreja na Idade Médica conseguiu esta proeza, mas...nunca se sabe.
Privilegiar o quase-curandeirismo em relação à tecnologia pode transferir a mortalidade infantil para outras faixas de idade, mas, entre outras coisas, não resolve o problema sanitário e os consequentes custos para o SUS. Quem sabe, daqui a pouco, vão instituir a engenharia como sacerdócio. 
Ver: http://bit.ly/1dFLDrl

Wednesday, July 31, 2013

CUDUMÚNDIA E O OURO DE EVO MORALES

O que disse Dom Evo Morales, ilustre presidente da Bolívia: "Sobre esta base, e aplicando a fórmula europeia de juros compostos, informamos aos descobridores que nos devem, como primeiro pagamento de sua dívida, uma massa de 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, ambos valores elevados à potência de 300. Isto é, um número para cuja expressão total, seriam necessários mais de 300 algarismos, e que supera amplamente o peso total do planeta Terra."
A pergunta: o que nosso amigo Ludwig Von Mises teria a dizer ao Sr. Morales?
A resposta: Que foram os Estados mercantilistas europeus que acumularam ouro ( e não os capitalistas); que este acúmulo gerou uma brutal inflação na Europa fazendo subir os preços dos alimentos e levando à queda das monarquias absolutas (vide a França); que a Inglaterra produziu e vendeu máquinas e produtos industrializados (inclusive o algodão do paletó de Dom Evo) para todo o mundo; que esta inflação também gerou guerras sucessivas até meados do século XX; que, ao invés de substituírem a inflação, os keynesianos abandonaram o padrão ouro substituindo-o pelo o "fiat money" dos Estados, o que gerou mais inflação, a partir de então permanente e crescente, inflação responsável pelos juros insanos estabelecidos pelos Bancos Centrais de todo o mundo, inclusive China, Rússia e Vietnam, e agora, mais recentemente, Cuba. Juros que Dom Evo aplica sobre o próprio ouro (!!) cujo valor já aumentara (em função da demanda por colares como o que ele usa). E que portanto a "divida" poderia ser paga com a mesma quantidade de ouro, depois, claro, que fossem devolvidos todos os produtos manufaturados e industrializados (inclusive paletó, camisa, cetim de bandeiras bolivianas) e serviços (como o tratamento de dentes e shampoo de cabelos que Dom Evo usa). PS: Milton Friedman não nos representa! Os Estados (e suas burocracias), não os capitalistas, são os responsáveis pelo assalto a quem de fato produz (trabalhadores e capitalistas!). Os Estados de todos os tipos (fascistas, comunistas e supostamente liberais, mas que cobram 40 ou mais por cento de impostos, como o estado boliviano, chinês, americano, cubano e o de Cudumundia! Thanks, Truda), são eles os inimigos! Por isso, vale a pena ler Mises!

Wednesday, July 10, 2013

O PAÍS EM PANDARECOS E O VIR-A-SER DA GALINHA

Vocês lembram do "Projeto Rondon" da Ditadura? Era voluntário!
Ainda estou chocado com o "pacotaço da Dilma" contra os médicos e contra a medicina no Brasil. Sinceramente, ainda não consegui parar para dizer alguma coisa que não fosse um impropério. Mais alguns dias, quem sabe?!
Faltam médicos na Amazônia e nas periferias? Também faltam engenheiros, arquitetos, dentistas, advogados e biólogos. Na Amazônia faltam inclusive pessoas (felizmente, diga-se de passagem)! A Dilma e o PT não sabem nada sobre Planejamento Regional, ou não querem saber. Sabem menos ainda de Planejamento Urbano, diga-se de passagem.
O programa "médicos de família", tão decantado, funciona (?!) em um país menor que o Estado Rio, em tamanho e em população, e onde o poder policial é quem determina o local de trabalho. Transplantá-lo para um país com as dimensões e com o padrão de dispersão da população do Brasil é pura ignorância. A concentração da população brasileira nas áreas litorâneas não é apenas um problema de mercado de trabalho, é também um problema histórico! Muito mais complexo do que a imaginação do governo.
Atratividade e acessibilidade não são apenas duas palavras, mas conceitos que não existem na sociologia, economia, estatística, medicina e outras ciências e técnicas que, mesmo reunidas sob o centralismo "democrático" do governo, não são capazes de compreender porque as pessoas QUEREM vir para a proximidade das grandes cidades e/ou do litoral: a China que o diga!
Em Cuba, uma das mais importantes matérias do currículo do médico é o marxismo-leninismo, pasmem! Isto me lembra o tempo de Stálin, na antiga URSS, em que os biólogos eram obrigados a seguir a cartilha do materialismo dialético, em que a "genética histórica" era um princípio fundamental. O ovo era o vir-a-ser da galinha. Isso em um tempo onde o DNA já era conhecido e as recombinações genéticas eram os principais experimentos da biologia. Por causa do materialismo dialético, a produção do trigo na Rússia baixou estupidamente e milhões de russos morreram de fome!
Eu, que na minha juventude, perdi meu tempo aprendendo (?!) a distinguir entre o materialismo dialético e o materialismo histórico, fico imaginando o desastre do pacotaço da Dilma e do PT nas próximas décadas. E pensando: porque os governos sociais-democratas de FHC/PSDB e Lula/PT, que governam este país (?!) há vinte anos, fizeram que deixaram o sistema de saúde em pandarecos e não descobriram quem veio primeiro, se o ovo ou a galinha.

Sunday, June 23, 2013

NO MEIO DA MENSAGEM


Na minha época (antes dizia-se “era uma vez”, agora diz-se na minha época). Na minha época estava na moda o Marshall Mcluhan. A esquerda não gostava dele, talvez porque confundisse Marshall (com dos “eles”) com marshal. Eu era de esquerda e li uma ou duas obras dele. Para me livrar da culpa tive que ler um sujeito do qual não me lembro mais o nome, Serge qualquer coisa, um sobrenome russo, que escrevera um catatau sobre controle de massas. O livro tinha mais de mil páginas e tentava explicar porque as “massas” não seguiam o canto da sereia do marxismo e preferiam outras religiões.
Mas não importa, eu li uns dois ou três livros do Mcluhan, como ele ficou conhecido. O mais badalado era “O Meio é a Mensagem”. Havia outros: “Aldeia Global”, “Os meios de comunicação como extensões do homem”, “A Galáxia de Gutenberg”. Não sei porque, o Mcluhan sumiu, nenhum comentarista da Globo falou sobre ele, não que eu tenha ouvido, e olha que eu sou um assíduo consumidor do sistema Globo.
Depois veio a moda da globalização, que ainda está nos azarando até hoje, mas quem primeiramente falou sobre isto foi o Mcluhan. Ele morreu antes da internet, e entre os meios (“mídia”) que ele estudou os mais importantes foram o rádio e a TV, extensões do ouvido e do olho. Depois falou sobre outras extensões, como pernas, braços, etc. Mas parou por aí. Até porque os freudianos já estavam de olho nele, e, creio, para ele, já bastavam os marxistas.
Escrevo tudo isto porque parece que o MPL (movimento passe livre) misturou tudo. Confundiu uma mensagem semiconservadora - ainda não entendi a lei do hífen, que quase não existe mais, assim como o Mcluhan e a mensagem Zapatista do MPL. Zapata também já quase não existe mais e o Sub-Comandante Marcos, quantos sejam, é mais velho do que “amarrar cachorro com linguiça” (gostaram dessa?). Voltando...o MPL confundiu liderança mascarada com não ter liderança.
Como precisava crescer, a meia dúzia de militantes do MPL resolveu expandir sua mensagem através da internet. A mensagem de esquerda exige hierarquia e centralismo desde que Lênin é Lênin. A internet é uma rede, nenhum nó se sobrepõe ao outro, coisa que, aliás, a Rede Sustentável da Marina precisa aprender. É, mais ou menos como se pretendessem cobrir um circo elevando uma rede com um mastro central, na esperança de que existindo um ponto mais alto fosse possível evitar a chuva.

Não é apenas porque a internet dificulte a relação hierárquica, ela impede! Ninguém manda em ninguém, as pessoas sequer se conhecem, e todo mundo fala o que quer, quando quer, e como quer. Resultado: ao usar a internet para difundir sua mensagem, o MPL acabou por difundir a dos outros e acabou literalmente no meio do circo, tomando chuva.

Friday, June 21, 2013

O BRASIL DA INZONA

(republico com as contribuições do Andres)
A Aquarela do Brasil, do Ari Barroso, é a melhor representação do país, como diria um velho amigo. Começa assim: Tcharan! Pena que eu não sou músico para dizer quais são as notas, mas vocês podem acompanhar pela letra: Tcharan (Brasil); tanranran, taranran (meu Brasil, brasileiro), tanranran, taranran (meu mulato inzoneiro); taranrantanrantanran (vou cantar-te nos meus versos. A última estrofe deve ser cantada sílaba por sílaba: tan ran ran tan ran tan ran.
Se vocês, agora, esquecerem a letra, vão pensar que estão entrando em uma sinfonia, tal a grandiosidade da música. Aí, então...começa o sambinha: taranran tanrantantan...etc. Cantem só para ver. Como diria o meu amigo: estou só esperando a hora de entrar o sambinha. Até agora estamos nas estrofes iniciais.
No Brasil, só manifestantes, protestantes e gays conseguem colocar tanta gente na rua. Comecemos pelos manifestantes. Antigamente, quando eu era criança, manifestar-se era coisa da umbanda: incarnar um espírito, algo assim como o Pentecostes. para os católicos isto foi reduzido ao Crisma. Mas, enfim, receber o espírito, e começar a falar línguas estranhas, algo que nunca se vira antes. Weber dizia que era o Carisma, que é o Crisma dos católicos. O Pentecostes também nos remete para os pentecostais, um ramo dos protestantes, os mesmos do Marco Feliciano, que acha que os gays precisam ser curados, o que nos remete de volta aos curandeiros, de alguma maneira próximos da umbanda. E aos gays, que também botam milhões nas ruas, mas não são vistos pela maioria dos congressistas, que, em matéria de “direitos humanos” preferem apostar nos votos dos protestantes.
Pensei em titular esta postagem como Esquerda, Direita, Vou Ver. Porque é aqui que a direita e a esquerda não sabem o que fazer...vão ver. Talvez depois de assistirem às análises dos convidados da Rede Globo, convidados que, hoje, substituíram as novelas. Mas fiquei na dúvida sobre o título: talvez Aquarela do Brasil, ou mesmo Manifestantes e Protestantes.
Antigamente, no Brasil, era tudo um pouco mais claro: passeata com Deus e a Família de um lado e Comício da Central do outro. Depois isto foi ficando mais confuso: na passeata Dos 100 Mil já não havia o contraponto. Os da marcha com Deus e a Família já estavam se arrependendo ao verem os seus filhos sendo presos pela Ditadura que eles levaram a se estabelecer. E os donos do poder começaram a ficar confusos: afinal, o que quer a classe média? Talvez uma abertura, que acabou nos conduzido às Diretas Já, ao Caçador de Marajás e aos cara-pálidas, quero dizer, os cara-pintadas. Mas o ato falho é aceitável porque pele-vermelhas eles não eram. Os pele-vermelhas estão por aí, até hoje, tentando entender o que está acontecendo hoje.
Para o meu próprio desencanto, fico com o meu amigo, vai tudo acabar em samba, ou em índios cantando em volta de fogueiras, como vi nas manifestações inzoneiras de ontem.
PS: inzoneiro: aquele que faz inzona, segundo o Caldas Aulete.

Thursday, June 20, 2013

O SAMBINHA PROTESTANTE


A Aquarela do Brasil, do Ari Barroso, é a melhor representação do país, como diria um velho amigo. Começa assim: Tcharan! Pena que eu não sou músico para dizer quais são as notas, mas vocês podem acompanhar pela letra: Tcharan (Brasil); tanranran, taranran (meu Brasil, brasileiro), tanranran, taranran (meu mulato isoneiro); taranrantanrantanran (vou cantarte nos meus versos. A última estrofe deve ser cantada sílaba por sílaba: tan ran ran tan ran tan ran.
Se vocês, agora, esquecerem a letra, vão pensar que estão entrando em uma sinfonia, tal a grandiosidade da música. Aí, então...começa o sambinha: taranran tanrantantan...etc. Cantem só para ver. Como diria o meu amigo: estou só esperando a hora de entrar o sambinha. Até agora estamos nas estrofes iniciais.
No Brasil, só manifestantes, protestantes e gays conseguem colocar tanta gente na rua. Comecemos pelos manifestantes. Antigamente, quando eu era criança, manifestar-se era coisa da umbanda: incarnar um espírito, algo assim como o Pentecostes. para os católicos isto foi reduzido ao Crisma. Mas, enfim, receber o espírito, e começar a falar línguas estranhas, algo que nunca se vira antes. Weber dizia que era o Carisma, que é o Crisma dos católicos. O Pentecostes também nos remete para os pentecostais, um ramo dos protestantes, os mesmos do Marco Feliciano, que acha que os gays precisam ser curados, o que nos remete de volta aos curandeiros, de alguma maneira próximos da umbanda. E aos gays, que também botam milhões nas ruas, mas não são vistos pela maioria dos congressistas, que, em matéria de “direitos humanos” preferem apostar nos votos dos protestantes.
Pensei em titular esta postagem como Esquerda, Direita, Vou Ver. Porque é aqui que a direita e a esquerda não sabem o que fazer...vão ver. Talvez depois de assistirem às análises dos convidados da Rede Globo, convidados que, hoje, substituíram as novelas. Mas fiquei na dúvida sobre o título: talvez Aquarela do Brasil, ou mesmo Manifestantes e Protestantes.
Antigamente, no Brasil, era tudo um pouco mais claro: passeata com Deus e a Família de um lado e Comício da Central do outro. Depois isto foi ficando mais confuso: na passeata Dos 100 Mil já não havia o contraponto. Os da marcha com Deus e a Família já estavam se arrependendo ao verem os seus filhos sendo presos pela Ditadura que eles levaram a se estabelecer. E os donos do poder começaram a ficar confusos: afinal, o que quer a classe média? Talvez uma abertura, que acabou nos conduzido às Diretas Já, ao Caçador de Marajás e aos cara-pálidas, quero dizer, os cara-pintadas. Mas o ato falho é aceitável porque pele-vermelhas eles não eram. Os pele-vermelhas estão por aí, até hoje, tentando entender o que está acontecendo hoje.

Para o meu próprio desencanto, fico com o meu amigo, vai tudo acabar em samba, ou em índios cantando em volta de fogueiras, como vi nas manifestações de hoje.

Sunday, June 16, 2013

MICKEY MOUSE E A TURMA DO VINAGRE

Peguei na veia...a turma de esquerda saiu em defesa (não sei de quê)! 
Esquerda e direita para mim não são categorias científicas desde a época de Leibniz (pai desta turma do Derrida, etc), são termos relacionais. Para mim, Stalin e Zé Dirceu são de direita. 
Estas manisfestações que ocorrem hoje no Brasil não obedecem a estas pseudo-categorias. E não adianta os pequenos partidos, do tipo PSOL, PSTU, PCB (o renascido) tentarem se apropriar do movimento. 
Há de tudo: os que criticam Alkmim, Lula, Dilma, Paes, a Igreja, a Ecologia, o Marxismo, etc...A única identidade é a indignação com qualquer tipo de apropriação. Há os que dizem que estes movimentos são de provocadores (antigamente eram tidos como direitistas). Há os que não sabem muito bem (tipo Jabor e Mainard), há os que ficam na dúvida se é a internet ou os espaços públicos (tipo Castells). 
Enfim, todo mundo inventando, mas quando tentam dar sentido (o que eles querem? quais são as reivindicações?) a realidade escapa entre os dedos. 
No final eles (os manifestantes) vão ficar empregados como Mickey Mouse ou Minie na Puerta del Sol, como acontece na Espanha; ou jogando na bolsa, como o Ocupy Wall Street; ou apoiando governos militares (são de direita?), como no Magreb (quem não sabe o que é, procure no Google). Não há direção entre eles (os que se manifestam, não os que se acham liderança, argh!). 
O fato é que, por outro lado, qualquer um que tente governá-los acaba com a corda no pescoço. Repito: estas são manifestações públicas de indignação. A direita (o que é a direita?) anda de ônibus, como andam todos os PMs que dão bordoadas ou os soldados que vão para os quartéis...e por falar nisto, os comandantes militares, que também não sabem direito o que é isto, estão só esperando...
PS: O Leibniz também é pai do Deleuze e do Guattari. Quem quiser ter uma noção de como funciona este movimento vai ter que entender de pensamento rizomático e nomádico (sorry, vão no no Google)

Thursday, January 24, 2013

OS GOLPES DA UFRJ

Soube que o processo da minha aposentadoria na UFRJ retornou ao IFCS para arquivar processos...que já estão arquivados. Pior, o processo recebeu carga para o IFCS na Sub-Reitoria Administrativa há 14 dias, chegou anteontem, e, pasmem, não tinha nenhum despacho. 
Isto é altamente irregular e uma demonstração clara do interesse da área administrativa de postergar a minha aposentadoria. Imagino que, para não reconhecerem os erros anteriores criam novos, sempre no intuito de que eu só me aposente em 28 de fevereiro, como é o desejo deles há dois anos!!! 
Imaginam que com esta enrolação vão me "apaziguar". Ledo engano, com isto sobe a minha exasperação com esta miúda universidade. E não espero a hora de, aposentado ou não, processá-la por aquele "ano que não terminou". 
Se acham que escaparão desta, estão perdidos.  
Junto ao processo, sem despacho, havia um "bilhete" pedindo a um funcionário - único servidor sério nisto tudo - para falar por telefone com a D. Edna, na Sub-Reitoria (não consigo chamar de Pró-Reitoria)!! O que é isso? Um processo cujo teor não pode ser escrito? Incrível! Nunca vi uma coisa desta! Já saímos da área da justiça e entramos na área policial...o que será que a D. Edna queria falar? que os processos antigos, já concluídos e portanto arquivados, fossem , de novo, arquivados? Sinceramente, não acredito!
Breve sairei da área administrativa, e dos emails, facebooks, e blogs, para a luta pública, pela imprensa, denunciando uma universidade miúda que persegue professores, que erra propositalmente em processos, que escamotea, que engana, que causa danos a tudo e a todos. A UFRJ, universidade pequena, minúscula, que sucedeu à Universidade do Brasil,  não perde por esperar.
Não é à toa que o Reitor está sendo processado pelo Ministério Público, não é perseguição da Globo, ou da direita golpista. Os únicos golpes na UFRJ são os da incompetência e má fé.