Tuesday, August 27, 2013

QUERIDOS BOLIVIANOS, EU NÃO NASCI DE ÓCULOS.


Eu tenho seis queridíssimos amigos de esquerda, mas eles estão me abandonando, talvez  porque eu tenha sido muito ácido com os médicos cubanos. Esses amigos já não me visitam mais nas páginas do Facebook, não curtem mais as minhas mensagens, e deixaram de visitar o meu blog. Mas, eu, liberal por nascença, continuo gostando deles! E continuo intrigado: será mesmo que eu estou errado, será que o governo social democrata é uma maravilha e só eu que não vejo?
“Me diz o que é que eu tenho de mal, ô ô,...Por trás dessa lente tem um cara legal”. Eu vou ouvindo os Paralamas do Sucesso assombrado, não mais com “a minha sombra magra”, mas com a impossibilidade de ver ou de ser visto. Fernando Pessoa já alertava: “morrer é não ser visto”. Não consigo mais ver o mundo da esquerda e eles, pelo visto (desculpem-me o trocadilho) não conseguem ver o meu. Mas o meu princípio liberal me diz que a razão nos permite encontrar um caminho para o entendimento. A verdade nos torna livres.
Vou assim, caminhando e cantando, enquanto leio os jornais. Tento entender, assim como tentava entender o Programa Mais Médico, porque é que a Presidente Dilma acusa o Patriota de ser responsável pelo maior desastre diplomático e, ao mesmo tempo, o coloca em um dos cargos mais importantes da diplomacia: embaixador nas Nações Unidas. Não estaria o governo correndo o risco de criar novos desastres?
O regime da social democracia, em suas vertentes de direita e de esquerda, o PSDB de FHC e o PT do Lula, domina o país há quase tanto tempo quanto o regime militar. Tem a seu favor o fato de que suas falanges foram eleitas pelo povo, por este povo. É claro que, para isto, a social democracia lança mão de qualquer coisa, desde o mensalão até os conluios com a Siemens. Mas, o povo, analfabeto funcional, a levou e a mantem no poder.
Eu, assim como Pelé, me imagino menos idiota que o povo, e reconheço que os dois grupos da social democracia, em meio aos muitos desastres, fizeram duas coisas razoáveis: o Plano Real, que o PT tanto combateu, e o Bolsa Família, que o PSDB combate ao mesmo tempo que diz que o programa é seu. Vivem destas duas coisas, como se fosse razoável que governos por tanto tempo pudessem ter só isto como saldo positivo. Na minha pobre compreensão, era o mínimo que poderiam fazer.
Claro, “Eu ponho os óculos e vejo tudo bem, mas se eu to triste eu tiro os óculos, e eu não vejo ninguém”. À noite, para dormir, eu tiro os óculos. E foi na calada da noite que o Itamaraty, tida como uma das mais competentes instituições deste país, tirou da Bolívia um senador, ex-ministro, que acusa Evo Morales de estar em conluio com o tráfico de drogas. Evo Morales, por outro lado, acusa o Senador de ser um condenado por corrupção. Bem, ao menos nisso, ele está em “boa” companhia: Dirceu, Delúbio, Genuíno e João Paulo também estão condenados por corrupção.
Amorim, o Ministro da Defesa e ex-Ministro de Relações Exteriores, foi encarregado de avisar a Patriota que ele deveria pedir demissão porque não conseguir manter a hierarquia. Mas pasmem, a fuga do Senador boliviano foi garantida pela segurança de fuzileiros brasileiros que devem obediência a quem? Ao ministro Amorim! Será que eu estou enxergando bem?
Mas aqui, no final, vem o mais importante. Eu sempre esqueço que o mais importante deveria vir no início. A social democracia vem, desde que se instalou no poder, destruindo importantes estamentos profissionais (quem não souber o que é isto vá ao Google e procure por Max Weber). Primeiro os professores, depois os médicos e, agora, os diplomatas.
Fernando Henrique degradou os seus colegas professores, chamando-os de vagabundos. Em seguida disse que os que não tinham título de doutor davam aulas e que os outros se dedicavam à pesquisa. Esqueceu-se, ele mesmo, de dizer que nunca frequentou os bancos de um doutorado. Tornou-se “livre docente” com textos sobre a “dependência” que ele próprio mandou esquecer, quando foi alertado sobre a interdependência do mundo de hoje. Com estes mesmos textos tornou-se imortal. Vá entender! De FHC em diante, mesmo os Professores Doutores foram morrendo à mingua. E não há mais quem lhes dê crédito ou salário.
Depois vieram os médicos, segunda categoria profissional a ser destruída, acusada de ser a “máfia de branco”, só trabalhar por dinheiro, não atuar preventivamente, e estar a serviço das multinacionais farmacêuticas. Diga-se de passagem que este programa de destruição da categoria já vinha sendo urdido desde a época de José Serra. Mas foi Dilma e seu delegado Padilha que levaram o plano as suas últimas consequências: os cubanos seriam sacerdotes que não ligam para dinheiro, não se deixam dominar pela corporação, estão a serviço de outras indústrias farmacêutica e...atuam preventivamente. Os médicos brasileiros não valem nada e, agora, também ninguém lhes dá crédito ou salário.
Finalmente, a social democracia trata agora de dar o golpe mortal contra os diplomatas. Começaram por diminuir as exigências para ingressar na carreira. Saber inglês era coisa da elite? Bom, aprendam espanhol (só agora entendemos o porquê). Nem mesmo o francês nos interessa, já que devemos lidar com cubanos, bolivianos e venezuelanos, que também não falam nem inglês nem francês. O imperialismo, afinal, será vencido, como aprendi ouvindo os cearenses recepcionarem a primeira leva de doutores da prevenção.

Agora, a diplomacia brasileira passou a ser comandada pela Bolívia, Cuba ou Honduras. Ainda nos restam Venezuela e Equador. Afinal, para alguma coisa serviu que os diplomatas prestassem provas em espanhol. Eu não consigo mais ver o mundo de esquerda, preciso de óculos novos. Mas, queridos bolivianos, tenho medo de que “as meninas do Leblon não olhem mais para mim”!

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