(republico com as contribuições do Andres)
A Aquarela do Brasil, do Ari Barroso, é a melhor representação do país, como diria um velho amigo. Começa assim: Tcharan! Pena que eu não sou músico para dizer quais são as notas, mas vocês podem acompanhar pela letra: Tcharan (Brasil); tanranran, taranran (meu Brasil, brasileiro), tanranran, taranran (meu mulato inzoneiro); taranrantanrantanran (vou cantar-te nos meus versos. A última estrofe deve ser cantada sílaba por sílaba: tan ran ran tan ran tan ran.
Se vocês, agora, esquecerem a letra, vão pensar que estão entrando em uma sinfonia, tal a grandiosidade da música. Aí, então...começa o sambinha: taranran tanrantantan...etc. Cantem só para ver. Como diria o meu amigo: estou só esperando a hora de entrar o sambinha. Até agora estamos nas estrofes iniciais.
No Brasil, só manifestantes, protestantes e gays conseguem colocar tanta gente na rua. Comecemos pelos manifestantes. Antigamente, quando eu era criança, manifestar-se era coisa da umbanda: incarnar um espírito, algo assim como o Pentecostes. para os católicos isto foi reduzido ao Crisma. Mas, enfim, receber o espírito, e começar a falar línguas estranhas, algo que nunca se vira antes. Weber dizia que era o Carisma, que é o Crisma dos católicos. O Pentecostes também nos remete para os pentecostais, um ramo dos protestantes, os mesmos do Marco Feliciano, que acha que os gays precisam ser curados, o que nos remete de volta aos curandeiros, de alguma maneira próximos da umbanda. E aos gays, que também botam milhões nas ruas, mas não são vistos pela maioria dos congressistas, que, em matéria de “direitos humanos” preferem apostar nos votos dos protestantes.
Pensei em titular esta postagem como Esquerda, Direita, Vou Ver. Porque é aqui que a direita e a esquerda não sabem o que fazer...vão ver. Talvez depois de assistirem às análises dos convidados da Rede Globo, convidados que, hoje, substituíram as novelas. Mas fiquei na dúvida sobre o título: talvez Aquarela do Brasil, ou mesmo Manifestantes e Protestantes.
Antigamente, no Brasil, era tudo um pouco mais claro: passeata com Deus e a Família de um lado e Comício da Central do outro. Depois isto foi ficando mais confuso: na passeata Dos 100 Mil já não havia o contraponto. Os da marcha com Deus e a Família já estavam se arrependendo ao verem os seus filhos sendo presos pela Ditadura que eles levaram a se estabelecer. E os donos do poder começaram a ficar confusos: afinal, o que quer a classe média? Talvez uma abertura, que acabou nos conduzido às Diretas Já, ao Caçador de Marajás e aos cara-pálidas, quero dizer, os cara-pintadas. Mas o ato falho é aceitável porque pele-vermelhas eles não eram. Os pele-vermelhas estão por aí, até hoje, tentando entender o que está acontecendo hoje.
Para o meu próprio desencanto, fico com o meu amigo, vai tudo acabar em samba, ou em índios cantando em volta de fogueiras, como vi nas manifestações inzoneiras de ontem.
PS: inzoneiro: aquele que faz inzona, segundo o Caldas Aulete.
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