Na minha época (antes
dizia-se “era uma vez”, agora diz-se na minha época). Na minha época estava na
moda o Marshall Mcluhan. A esquerda não gostava dele, talvez porque confundisse
Marshall (com dos “eles”) com marshal. Eu era de esquerda e li uma ou duas
obras dele. Para me livrar da culpa tive que ler um sujeito do qual não me lembro
mais o nome, Serge qualquer coisa, um sobrenome russo, que escrevera um catatau
sobre controle de massas. O livro tinha mais de mil páginas e tentava explicar
porque as “massas” não seguiam o canto da sereia do marxismo e preferiam outras
religiões.
Mas não importa, eu li
uns dois ou três livros do Mcluhan, como ele ficou conhecido. O mais badalado
era “O Meio é a Mensagem”. Havia outros: “Aldeia Global”, “Os meios de
comunicação como extensões do homem”, “A Galáxia de Gutenberg”. Não sei porque,
o Mcluhan sumiu, nenhum comentarista da Globo falou sobre ele, não que eu tenha
ouvido, e olha que eu sou um assíduo consumidor do sistema Globo.
Depois veio a moda da
globalização, que ainda está nos azarando até hoje, mas quem primeiramente
falou sobre isto foi o Mcluhan. Ele morreu antes da internet, e entre os meios (“mídia”)
que ele estudou os mais importantes foram o rádio e a TV, extensões do ouvido e
do olho. Depois falou sobre outras extensões, como pernas, braços, etc. Mas
parou por aí. Até porque os freudianos já estavam de olho nele, e, creio, para
ele, já bastavam os marxistas.
Escrevo tudo isto
porque parece que o MPL (movimento passe livre) misturou tudo. Confundiu uma
mensagem semiconservadora - ainda não entendi a lei do hífen, que quase não
existe mais, assim como o Mcluhan e a mensagem Zapatista do MPL. Zapata também
já quase não existe mais e o Sub-Comandante Marcos, quantos sejam, é mais velho
do que “amarrar cachorro com linguiça” (gostaram dessa?). Voltando...o MPL confundiu liderança
mascarada com não ter liderança.
Como precisava
crescer, a meia dúzia de militantes do MPL resolveu expandir sua mensagem
através da internet. A mensagem de esquerda exige hierarquia e centralismo
desde que Lênin é Lênin. A internet é uma rede, nenhum nó se sobrepõe ao outro,
coisa que, aliás, a Rede Sustentável da Marina precisa aprender. É, mais ou menos
como se pretendessem cobrir um circo elevando uma rede com um mastro central,
na esperança de que existindo um ponto mais alto fosse possível evitar a chuva.
Não é apenas porque a
internet dificulte a relação hierárquica, ela impede! Ninguém manda em ninguém,
as pessoas sequer se conhecem, e todo mundo fala o que quer, quando quer, e
como quer. Resultado: ao usar a internet para difundir sua mensagem, o MPL
acabou por difundir a dos outros e acabou literalmente no meio do circo,
tomando chuva.
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