Nós, professores de
Ciência Política, somos obrigados a conhecer os micro-poderes Hoje, nem o
Diretor do IFCS, nem o Reitor da UFRJ, puderam me receber, eu professor da universidade há 35 anos e 10 meses. É natural, eles tem muitos afazeres.
Eu também, que já ocupei funções tão ou mais importantes que as deles, sei o
quanto é complicado lidar com a burocracia no Brasil. Se fosse na Alemanha, o
Weber diria que este é o poder racional. Já no Brasil...
Mas, fui recebido pelo
Sub-Reitor (não sei porque tenho dificuldades com a função de Pró-Reitor), que me prometeu que até o dia 15 de outubro estarei aposentado, como
se me fizesse um favor. "Qual o seu pleito?", me perguntou, o que me obrigou a responder-lhe que eu buscava um direito. Ali na ante-sala das secretárias do Reitor, ele me prometeu, como, aliás, me prometera há 10 meses atrás, tempo em que o meu processo
está na SR-4. Me lembrei de Montesquieu nas Lettres Persanes, e das sete portas do poder, coisa que os poderosos nunca leram.
Mas, como diria o moleiro prussiano ao déspota Frederico O
Grande, "ainda já juízes em Berlim". Quando sentirem a espada da
Justiça vão se queixar da minha ação, assim como hoje vemos os antigos
poderosos de Brasília se apresentarem chorosos, como se vítimas fossem. Fico com pena, não de mim,
mas dos pobres brasileiros que não têm o mesmo acesso que o moleiro prussiano. Enfim, no dia 15 aguardaremos a sentença.
Tenho pena também da
instituição UFRJ, onde estudei e lecionei por 35 anos, e mais 10 meses. Não apenas, era mais
democrática, expressão que hoje é tautológica, mas, fundamentalmente, era mais
competente. Hoje, por causa da falta da racionalidade apregoada pelo Weber,
somos submetidos aos erros, descaso, incompetência e desinteresse de
funcionários e autoridades. Ninguém leu, nem lerá, o meu processo; todos acham
que eu sou uma pessoa desagradável "chorando e lamentando-me às portas do
palácio", como a Electra de Sófocles.
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