Saturday, August 31, 2013

A MENTIRA TEM PERNAS CURTAS



É MENTIRA: "Nos vinte anos durante os quais a ditadura perdurou, O GLOBO, nos períodos agudos de crise, mesmo sem retirar o apoio aos militares, sempre cobrou deles o restabelecimento, no menor prazo possível, da normalidade democrática."

O GLOBO EM NENHUM MOMENTO RETIROU O APOIO AOS MILITARES.

Eu trabalhava em O Globo nesta época. A única verdade é que Roberto Marinho contratava pessoas de esquerda que não tinham nenhuma outra opção de trabalho. E dizia-se, naquela época, que RM contratava a direita, porque "sabia a mandar" e a esquerda porque "sabia trabalhar". E, naquela época, a dicotomia esquerda/direita tinha sentido. Não se trata de punir O Globo por toda a eternidade. O reconhecimento do erro é importante, mas é preciso que ele seja sincero e é preciso que haja uma reparação; senão o perdão não é possível. E eu tenho o sentimento de que o arrependimento ainda não é sincero. O Globo ainda pretende justificar o arrependimento com o argumento de que outros jornais também apoiaram o golpe de 1964. É verdade, mas também é verdade que somente O Globo continuou apoiando, e é por isso que conseguiu sobreviver até hoje. O Correio da Manhã, onde eu também trabalhei, foi empastelado! O Jornal do Brasil morreu à mingua. O arrependimento de O Globo, para ser sincero, precisa dizer claramente que apoiou a ditadura por todo o tempo em que ela existiu, e que só deixou de apoiá-la por puro oportunismo já que a democracia batia a sua porta. É uma pena que este arrependimento venha junto com tantas explicações. e, por isso, ele ainda não tem validade. Melhor seria dizer: O Globo apoiou a ditadura e se arrepende. Ponto!

A BABA DE BATISTA OU QUEM DIRIA, CUBA É DE DIREITA!


É preciso manobras intelectuais excêntricas para dizer que a Socialist Review é de direita. A revista é o órgão mensal do British Socialist Workers Party (SWP), surgiu em 1950, passou por diversas ondas (com duplo sentido), e ancorou-se como um "magazine" mensal dos trabalhadores socialistas desde 2007. 
Quem der uma olhada na página do Partido dos Trabalhadores (epa!) Socialistas, na aba Theory, vai se deliciar com "Karl Marx, Frederick Engels, Rosa Luxemburg, Leon Trotsky, Lenin e outros". Ainda na página do SWP, há cursos de introdução ao marxismo, de combate ao reformismo e ao revisionismo, de leninismo, trotskismo, lutas revolucionárias e, incrível!, de Teoria Econômica e sobre o Capitalismo de Estado na antiga União Soviética. É, portanto, sem dúvida, um partido de esquerda. E a Socialist Review é um seus órgãos oficiais. 
Em maio de 2011, Mike Gonzalez - ao que indica o nome um anglo-latino - escreveu um artigo intitulado "Cuba's Contradictions", analisando as decisões do Congresso Nacional Cubano daquele ano em que Raúl Castro resolveu abrir-se às forças do mercado. Por 14 anos o Congresso Nacional Cubano não se reunia, e a última vez fora sobre a direção do Secretário Geral do Partido Comunista Cubano, Chefe de Estado e Comandante das Forças Armadas, Fidel Castro.
"Para todos os socialistas, a dinástica transferência de poder de irmão para irmão, e o continuado domínio absoluto da revolução por mais de 50 anos, deve ser um ponto de preocupação", diz o artigo de Mike Gonzalez, que se acredita à esquerda da família Castro. E a partir daí senta o pau no regime cubano, de uma forma que eu fiquei ruborizado!
"A vida do cubano comum é uma constante luta"; os participantes do Congresso foram eleitos com base "em uma lista de candidatos pré-aprovados"; Hugo Chaves, em sua visita a Cuba em 2010, "soube das decisões que seriam aprovadas em 2011", inclusive da eliminação de meio milhão de empregos estatais. Estas são algumas das passagens suaves do artigo de Gonzalez. O Congresso aprovaria a privatização de 1/6 da economia. A realidade, ainda segundo o artigo, é que "a CORRUPÇÃO é o inevitável resultado do controle do estado cubano por uma burocracia que não mudou DESDE A ÉPOCA DE FULGÊNCIO BATISTA" (grifos meus). 
No que diz respeito à medicina, traduzo aqui, parafraseando livremente, parte do texto que já postei no Facebook: "Muito se fala da presença dos serviços médicos cubanos em outros países...A Venezuela tem 20 mil deles e uma geração sendo treinada em Cuba...Infelizmente isto não é um caso de solidariedade internacional...O conhecimento cubano em educação e saúde é um item de exportação que, no caso da Venezuela, é trocado por petróleo, o qual provavelmente salvou a economia cubana... O resultado é a deterioração do serviço médico em Cuba e a escassez do professores...Aqueles que não foram para o exterior transferiram-se para o setor turístico onde podem ganhar em dólares como taxistas, guias turísticos e TRABALHADORES DO SEXO."  
Fulgêncio Batista babaria de inveja...

Tuesday, August 27, 2013

QUERIDOS BOLIVIANOS, EU NÃO NASCI DE ÓCULOS.


Eu tenho seis queridíssimos amigos de esquerda, mas eles estão me abandonando, talvez  porque eu tenha sido muito ácido com os médicos cubanos. Esses amigos já não me visitam mais nas páginas do Facebook, não curtem mais as minhas mensagens, e deixaram de visitar o meu blog. Mas, eu, liberal por nascença, continuo gostando deles! E continuo intrigado: será mesmo que eu estou errado, será que o governo social democrata é uma maravilha e só eu que não vejo?
“Me diz o que é que eu tenho de mal, ô ô,...Por trás dessa lente tem um cara legal”. Eu vou ouvindo os Paralamas do Sucesso assombrado, não mais com “a minha sombra magra”, mas com a impossibilidade de ver ou de ser visto. Fernando Pessoa já alertava: “morrer é não ser visto”. Não consigo mais ver o mundo da esquerda e eles, pelo visto (desculpem-me o trocadilho) não conseguem ver o meu. Mas o meu princípio liberal me diz que a razão nos permite encontrar um caminho para o entendimento. A verdade nos torna livres.
Vou assim, caminhando e cantando, enquanto leio os jornais. Tento entender, assim como tentava entender o Programa Mais Médico, porque é que a Presidente Dilma acusa o Patriota de ser responsável pelo maior desastre diplomático e, ao mesmo tempo, o coloca em um dos cargos mais importantes da diplomacia: embaixador nas Nações Unidas. Não estaria o governo correndo o risco de criar novos desastres?
O regime da social democracia, em suas vertentes de direita e de esquerda, o PSDB de FHC e o PT do Lula, domina o país há quase tanto tempo quanto o regime militar. Tem a seu favor o fato de que suas falanges foram eleitas pelo povo, por este povo. É claro que, para isto, a social democracia lança mão de qualquer coisa, desde o mensalão até os conluios com a Siemens. Mas, o povo, analfabeto funcional, a levou e a mantem no poder.
Eu, assim como Pelé, me imagino menos idiota que o povo, e reconheço que os dois grupos da social democracia, em meio aos muitos desastres, fizeram duas coisas razoáveis: o Plano Real, que o PT tanto combateu, e o Bolsa Família, que o PSDB combate ao mesmo tempo que diz que o programa é seu. Vivem destas duas coisas, como se fosse razoável que governos por tanto tempo pudessem ter só isto como saldo positivo. Na minha pobre compreensão, era o mínimo que poderiam fazer.
Claro, “Eu ponho os óculos e vejo tudo bem, mas se eu to triste eu tiro os óculos, e eu não vejo ninguém”. À noite, para dormir, eu tiro os óculos. E foi na calada da noite que o Itamaraty, tida como uma das mais competentes instituições deste país, tirou da Bolívia um senador, ex-ministro, que acusa Evo Morales de estar em conluio com o tráfico de drogas. Evo Morales, por outro lado, acusa o Senador de ser um condenado por corrupção. Bem, ao menos nisso, ele está em “boa” companhia: Dirceu, Delúbio, Genuíno e João Paulo também estão condenados por corrupção.
Amorim, o Ministro da Defesa e ex-Ministro de Relações Exteriores, foi encarregado de avisar a Patriota que ele deveria pedir demissão porque não conseguir manter a hierarquia. Mas pasmem, a fuga do Senador boliviano foi garantida pela segurança de fuzileiros brasileiros que devem obediência a quem? Ao ministro Amorim! Será que eu estou enxergando bem?
Mas aqui, no final, vem o mais importante. Eu sempre esqueço que o mais importante deveria vir no início. A social democracia vem, desde que se instalou no poder, destruindo importantes estamentos profissionais (quem não souber o que é isto vá ao Google e procure por Max Weber). Primeiro os professores, depois os médicos e, agora, os diplomatas.
Fernando Henrique degradou os seus colegas professores, chamando-os de vagabundos. Em seguida disse que os que não tinham título de doutor davam aulas e que os outros se dedicavam à pesquisa. Esqueceu-se, ele mesmo, de dizer que nunca frequentou os bancos de um doutorado. Tornou-se “livre docente” com textos sobre a “dependência” que ele próprio mandou esquecer, quando foi alertado sobre a interdependência do mundo de hoje. Com estes mesmos textos tornou-se imortal. Vá entender! De FHC em diante, mesmo os Professores Doutores foram morrendo à mingua. E não há mais quem lhes dê crédito ou salário.
Depois vieram os médicos, segunda categoria profissional a ser destruída, acusada de ser a “máfia de branco”, só trabalhar por dinheiro, não atuar preventivamente, e estar a serviço das multinacionais farmacêuticas. Diga-se de passagem que este programa de destruição da categoria já vinha sendo urdido desde a época de José Serra. Mas foi Dilma e seu delegado Padilha que levaram o plano as suas últimas consequências: os cubanos seriam sacerdotes que não ligam para dinheiro, não se deixam dominar pela corporação, estão a serviço de outras indústrias farmacêutica e...atuam preventivamente. Os médicos brasileiros não valem nada e, agora, também ninguém lhes dá crédito ou salário.
Finalmente, a social democracia trata agora de dar o golpe mortal contra os diplomatas. Começaram por diminuir as exigências para ingressar na carreira. Saber inglês era coisa da elite? Bom, aprendam espanhol (só agora entendemos o porquê). Nem mesmo o francês nos interessa, já que devemos lidar com cubanos, bolivianos e venezuelanos, que também não falam nem inglês nem francês. O imperialismo, afinal, será vencido, como aprendi ouvindo os cearenses recepcionarem a primeira leva de doutores da prevenção.

Agora, a diplomacia brasileira passou a ser comandada pela Bolívia, Cuba ou Honduras. Ainda nos restam Venezuela e Equador. Afinal, para alguma coisa serviu que os diplomatas prestassem provas em espanhol. Eu não consigo mais ver o mundo de esquerda, preciso de óculos novos. Mas, queridos bolivianos, tenho medo de que “as meninas do Leblon não olhem mais para mim”!

Sunday, August 25, 2013

O CUBANO DE COLEIRA


Há animais que não ficam bem na coleira. Pode-se entender um cão de coleira, mas jamais um lobo, um tamanduá ou mesmo um gato. Afinal, os cães estão domesticados há milênios e há alguns que são quase humanos. Já os gatos, não sei porque motivo, escaparam desta sina. O humano, por sua vez, chega em alguns casos a se acostumar com as coleiras.
Agora mesmo, o Estado cubano levou às últimas consequências a ideia marxista do trabalho como mercadoria, mais que isso entendeu que o indivíduo é uma mercadoria a ser negociada pela sociedade à qual ele "pertence". Assim como o Estado capitalista, o brasileiro inclusive, extrai impostos, o cubano extrai valores da venda de sua mercadoria, neste caso o seu cidadão. 
O argumento favorável ao poder absoluto do Estado, contrariamente às sofisticadas considerações de Hobbes, é simples. O Estado lhe dá o mínimo essencial em casa, comida, educação e trabalho, e do indivíduo extrai sangue, suor e lágrimas. E pode vendê-lo como bem lhe aprouver. Nunca houve um argumento tão simplista para a escravidão.
Por isso, Cuba pode vender ou alugar todo e qualquer indivíduo que o Estado tenha treinado em alguma atividade, "medicina preventiva", vamos dizer, para usar a expressão que tanto apraz aos adeptos do estado totalitário. Preventiva da morte, talvez, mas não da escravidão. Afinal, as pessoas devem ser curados e salvas da morte prematura para melhor poderem ser usadas pelos representantes do "povo", esta entidade abstrata que substituí os indivíduos. Os senhores de engenho conheciam bem esta prática. Os veterinários dos burros de carga, também.
Dito isto, criam "médicos preventistas" como se cria gado, para que possam vendê-los aos borbotões mundo afora. Esta foi a forma inventiva de manter um regime totalitário: vinculando-o ao mundo capitalista da circulação de mercadoria. Os Estados capitalistas, por sua vez, não estão livres de culpas. Acostumados a minimizarem custos de produção, encontraram nos "médicos preventistas" uma mercadoria barata, para diminuir os custos que o próprio Estado capitalista assume na saúde. Caminham assim na mesma rota para a servitude de seus cidadãos.
Como o gado - Aristóteles sabia disso - não têm alma. E, por isso podem ser escravizados. 
Procriam, mas não podem ter família: ganham para a sua própria reprodução, e por isso não podem acumular. E, claro, não podem ter passaporte! Onde já se viu gado com passaporte? Ao "médico preventista" lhe resta a coleira!

O PLACEBO CUBANO


Estou tentando entender o objetivo do programa "mais médicos" que a social democracia, depois de 20 anos no poder (10 de Lula e 10 de FHC), tentar vender como "solução mágica" para o problema da saúde no Brasil. Este artigo abaixo é o menos ideológico que encontrei. Há de tudo, à torto e à direita (sem trocadilhos).
Para mim, a ideia de medicina como sacerdócio, do mesmo modo que magistério como sacerdócio, foi a maneira "ideológica" com a qual social democracia pretende resolver os custos do SUS, assim como o problema da educação. Com esta ideologia sacerdotal conseguiram desqualificar a profissão dos professores e, agora, começam a desqualificar a dos médicos.  A desqualificação dos professores começou com o FHC, a dos médicos, com o PT.
A política como sacerdócio ainda nunca foi tentada no Brasil, tampouco o foi a justiça. Seria curioso ver a sociedade cobrando de um político ou de um juiz que se internassem no mato em prol do Estado brasileiro. Aqui, o Estado marcha célere na compreensão de que os cidadãos são súditos e não soberanos, e têm o corpo e a alma subjugados ao poder coletivo. Nem a igreja na Idade Médica conseguiu esta proeza, mas...nunca se sabe.
Privilegiar o quase-curandeirismo em relação à tecnologia pode transferir a mortalidade infantil para outras faixas de idade, mas, entre outras coisas, não resolve o problema sanitário e os consequentes custos para o SUS. Quem sabe, daqui a pouco, vão instituir a engenharia como sacerdócio. 
Ver: http://bit.ly/1dFLDrl